O que esperar da economia em 2020?

Engenheiro Agrônomo de Taubaté desenvolve panorama da economia nacional e mostra qual deve ser o rumo da economia neste ano


De meados de 2014 até meados de 2017 o Brasil viveu a mais grave crise econômica da sua história recente. O número de pessoas desempregadas ou subempregadas e o endividamento das famílias dispararam. Como consequência o governo federal passou a ter deficit primário (resultado das receitas menos as despesas, sem contar os juros da dívida pública) desde 2014. A dívida pública que era em torno de 50% do PIB em 2013, fechou 2019 em quase 80% do PIB ou R$ 5,6 trilhões. Com as suas contas públicas em desordem, o governo federal passou a ter de fazer ajustes no gasto público. Na administração pública temos os chamados gastos obrigatórios (que são determinados pela constituição, leis e decretos) que compõem, aproximadamente, 92% da despesa do governo federal. Os 8% que sobram são os chamados gastos discricionários. O ajuste na despesa, na grande maioria das vezes, acontece sobre os investimentos, que compõem os 8% das despesas discricionárias. Novas rodovias, ferrovias, portos e hospitais deixam de ser prioridade  e investimentos necessários que tornariam o País mais competitivo acabam não sendo feitos por conta da situação dramática das contas públicas no Brasil.

Junto ao drama vivido pelas contas públicas em função da recessão econômica, o Brasil possui um sistema tributário extremamente complexo que acaba dificultando a atividade econômica no País. Por isso precisamos de uma reforma tributária que deixe o País mais competitivo, menos burocrático. Não tem sentido cada um dos 27 estados da federação terem uma legislação diferente para o ICMS por exemplo.

Durante a recessão, tivemos setores na atividade econômica que sofreram mais que outros. A indústria de transformação, por exemplo, representava cerca de 14% do PIB em 2011 e hoje representa cerca de 11%. A indústria como um todo (transformação extrativa mineral serviços industriais de utilidade pública) representa cerca de 16% do PIB brasileiro. Quando a economia está crescendo, o efeito multiplicador da indústria é muito grande (número de empregos, melhor salário e geração de receita tributária), mas também o inverso é verdadeiro, nos momentos de recessão ela produz desemprego, diminuição da produção e com isso queda na receita tributária.

Entre 2015 e 2018 mais de 25.000 indústrias fecharam no Brasil. Isso causou um impacto extremamente negativo na economia, principalmente nos municípios brasileiros, que são onde as pessoas vivem e criam seus filhos. É importante lembrar que o salário da indústria é o maior se comparado as outras atividades econômicas.

Diante de um cenário adverso, como exposto acima, observamos na gestão pública dois perfis de gestor: o primeiro que lamenta o tempo todo e espera a situação melhorar para agir e o gestor criativo, que vende o lenço para aquele que chora. A segunda opção sempre produz melhores resultados.

Em Taubaté a gestão municipal utiliza a criatividade e muito trabalho para enfrentar as dificuldades ocasionadas pela recessão econômica brasileira. Em 2019 tivemos o melhor resultado do emprego com carteira assinada desde 2013. Segundo o cadastro geral de empregados e desempregados (CAGED) foram criadas 604 vagas de trabalho com carteira assinada com destaque para os setores da construção civil, comércio e serviços. Para o empreendedor taubateano a Prefeitura oferece cursos gratuitos em parcerias com o Sebrae nas áreas de comércio, serviços e atividade agropecuária. Trabalho importante considerando que o município possui cerca de 24.000 pequenos empreendedores. Somente em 2019 foram abertos cerca de 2.500 novos CNPJs em Taubaté. Na sua grande maioria microempreendedores individuais (MEIs), microempresas (MEs) e empresas de pequeno porte (EPPs). A Prefeitura também oferece cursos gratuitos de qualificação profissional, com destaque para os cursos oferecidos pelas escolas do trabalho.

Os indicadores sinalizam para uma recuperação lenta e gradual da economia brasileira. Mas na certeza que o pior já passou, precisamos melhorar o ambiente econômico do País, voltando a gerar confiança (sentimento fundamental para que os investimentos voltem a acontecer) e com isso produzir políticas públicas de resultado que gerem oportunidades de emprego e renda para a população.

Taubaté está preparada para continuar sendo protagonista no processo do desenvolvimento econômico brasileiro!