Retomada: Vendas de fim de ano devem movimentar a economia na região

Comerciantes apostam em alta nas vendas com a retomada das atividades, após período árduo de restrição, mas economista alerta sobre os cuidados na hora de comprar.


Divanei Lima, proprietário da Polo D Camisaria , em Caçapava. Divanei Lima, proprietário da Polo D Camisaria , em Caçapava. (Foto : Divulgação)

Após um longo período de baixa por causa da pandemia, o comércio tenta recuperar o que perdeu depois tempos sombrios. E é com um 'espírito' de esperança que os comerciantes da região esperam vender neste final de ano.


Divanei Lima é comerciante de Caçapava e disse que já em novembro vendeu mais que o mesmo período em 2019, antes da pandemia. 

"Não faço comparação com o ano passado, por causa da pandemia. Faço comparação com 2019. Em novembro deste ano vendi 17% a mais que 2019, talvez por causa da retomada dos eventos. A expectativa é que eu venda até o Natal 10% a mais que dezembro de 2019. Sempre precisamos acreditar", disse o comerciante.

Para a presidente da Associação Comercial de Caçapava, Micheli Diniz, o investimento em atrações de Natal gerou um impacto resultando em um melhor faturamento.

"Estamos confiantes numa retomada importante depois de 2 anos. O investimento nas atrações do Natal deve impactar diretamente no resultado das lojas. A expectativa da maioria dos lojistas é ter um aumento de 5% a 10% em relação a 2019, o que garante uma recuperação parcial das perdas na pandemia", disse Diniz.


Em São José dos Campos, o empresário Guilherme Vilela, dono de um restaurante, disse que a expectativa para as vendas de ceias de Natal, é a melhor possível. Ele espera vender um número muito maior em relação ao ano passado.

"No ano passado tivemos um faturamento de R$ 10 mil somente com ação da ceia. Esse ano já conseguimos atingir 40% de aumento em comparação ao mesmo período do ano passado. Até o final do mês, esperamos chegar a 60%", contou Vilela, animado.

Guilherme Vilela ao lado dos sócios Roberto Augusto dos Reis e Luis Eduardo Estácio dos Reis, proprietários do Espaço Donna Carmela, em São José dos Campos. Guilherme Vilela ao lado dos sócios Roberto Augusto dos Reis e Luis Eduardo Estácio dos Reis, proprietários do Espaço Donna Carmela, em São José dos Campos. (Foto : Divulgação)


Eliani Maia, presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial) de São José dos Campos, acredita que o otimismo tanto do consumidor quanto do lojista é grande e que o cenário é mesmo de bons tempos para a economia.

"O Natal desse ano será o Natal que vai consagrar a retomada da economia, já sentida nas datas anteriores do comércio, como Dia das Mães, Dia dos Namorados e Dia das Crianças . O consumidor está otimista, o lojista também, como revelou a mais recente pesquisa ACI/Unitau. A somatória disso tudo é muito boa", explicou Maia.

De acordo com o economista Edson Trajano, do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais), da Universidade de Taubaté, a expectativa de vendas para 2021 no mês de dezembro é superior se comparada ao mesmo período do ano passado. Entretanto, ele aponta que a renda do trabalhador caiu 11% em relação ao mesmo período, o que precisa tomar cuidado na hora de parcelar as compras. 

"Os aspectos que limitam esse crescimento das vendas são dois, entre eles, a renda do trabalho. Numa pesquisa pontual sobre a renda do trabalho no Vale do Paraíba e uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrando indicadores nacionais, apontam que os trabalhadores estão recebendo 11% a menos de renda em comparação ao ano passado. Temos uma redução das rendas das famílias. Juntando isso aos indicadores da inflação no Vale do Paraíba, calculados pelo Nupes, a variação no preço da cesta básica está em torno de 15% nos últimos 12 meses. Resumindo, a expectativa é boa porque o parâmetro de comparação com o ano anterior é bem ruim, então nós vamos vender mais em 2021 comparado a 2020 em função da questão da pandemia, que foi muito mais acentuada no final do ano passado. Com a abertura das atividades comerciais,  acabou favorecendo as vendas de final de ano. Por outro lado há uma restrição de renda das famílias brasileiras, com queda na renda dos trabalhadores em média de 11% e aumento nos preços em torno de 10%. O resultado é que as famílias estão com pouco dinheiro para fazer suas compras e para piorar todo esse quadro, tivemos uma alta nas taxas de juros. Isso dificulta as vendas à prazo. A opção para os consumidores nesse momento é optar por compras à vista, aproveitando principalmente o dinheiro do 13º salário. Com as taxas de juros bastante altas, além de um ambiente de incertezas econômicas, até em função do calendário eleitoral, fazer dívidas nesse momento não é uma boa pedida. É mais prudente optar pelas compras à vista", explicou Trajano. 

O fato é que, aos poucos, a vida está sendo retomada, talvez não tão normal nesse momento, mas com uma vontade de melhorar, com uma vontade de fazer acontecer, crescer, com a esperança de novos tempos e novas conquistas. Ao menos um respiro, diante de um novo cenário, depois de tanto sufoco.

* Por Marcos Bulques