Cada ser humano vive em si o caminhar da humanidade, é produto do meio, sendo afetado o tempo todo por ele. Estar ligado no mundo a sua volta, é o que garante a vida e permanência no planeta, enquanto inúmeras espécies já se extinguiram ao longo da história, consequência de mudanças climáticas, catástrofes, pragas, dilúvios, etc., o ser humano continua seu caminho e mais do que nunca, se ligado, se ajustando e modelando...
Há 20 mil anos atrás o planeta vivenciou a última era glacial, espécies não resistiram e desapareceram. Sobreviveram as que tinham uma quantidade de pelos que as protegiam do frio excessivo, e lhes garantiam calor, mas e o homem? Haviam pequenas populações na África que viviam da caça e da pesca, que com muita determinação e luta pela vida, garantiram nossa existência...O pensar da humanidade, observar o meio, foi determinante para a sobrevivência nesse período, e que incrível, um dos menores instrumentos criados pelo homem, possibilitou a continuidade da vida, a “agulha”!
O ser humano, se cobria de peles de animais, mas, não era suficiente para reter o calor, então criaram uma “lança minúscula”, feita de osso, que permitiu a costura das grossas peles, ajustando ao corpo e garantindo que o calor não se perdesse. Incrível! A “agulha” salvou a humanidade! Salvou a família humana da extinção... Agulha, um pequeno instrumento, unindo as grossas peles, ajustando ao corpo, dando mobilidade, protegendo a vida...
Na família, desde o mais primitivo tempo, depois da função criadora e cuidadora da mãe, essencial é também a função cuidadora e protetora do pai...
Se a mãe, é a “pele grossa e poderosa protetora, forte e intensa, o pai, seria a agulha, para costurar, ligar, dar o ajuste, e medida suficiente”.
Interessante que para o pai exercer sua função, o pai precisa da permissão da mãe, não pode ser algo intrometido, forçado, são necessários movimentos sincronizados, combinados e ajustados! Pai e Mãe uma metáfora devidamente costurada e combinada... Não há como ter ligação, sem combinação!
O pai é aquele que a partir do olhar, da relação, do contato, percebe, que os filhos não são iguais ou simétricos, com as mesmas necessidades e desejos...
Filhos naturalmente precisam para sobreviver de ajustes, apertos, as vezes de cortes, é uma relação dolorida, difícil, por isso o fio de costura, é o amor...
A palavra ajuste, parece até ser bem adequada para esta metáfora que com simplicidade é aqui apresentada, pois é danoso ao ser humano crescer “desajustado”.
Pai é como agulha, que no “palheiro do mundo”, há quem diga, que está difícil de encontrar, mas você que parou para ler esta Coluna, olhar o grande “palheiro do seu mundo interior”, não há como deixar de perceber, por presença ou saudade, a figura do Pai.
Pai, uma figura discreta, presente quando solicitada, e solícita quando presente, mas como é difícil achar a medida de cada ajuste, entendo até que a roupagem que o pai proporcionou, foi pra que no momento oportuno, no caminho da fase adulta, cada um pudesse fazer o seu próprio ajuste, assistido pelo Pai.
Crescemos, alguns se tornaram pais, lembrando que Pai é função, excede o sexo o gênero, é cuidado e proteção...
Anos se passaram desde que conhecemos a “agulha”, o clima tem mudado a cada ano, as grossas peles, dão lugar a finos tecidos, o que tem levado a “agulha” a se adaptar, a se moldar, a sobrevivência exige, é a humanidade...
O Pai, para os filhos, tem prazo de validade, pois o cuidado a dependência, vão passar, se tornarão pais também, por outro lado, para o Pai, os filhos, serão sempre...filhos...
Assim caminhamos, cada um no seu “palheiro interior”, e lá está a “agulha”, discreta, firme, atravessando o tempo, unindo, ajustando, moldando, criando e costurando gente, como saudade, passando e voltando, onde o “fio” é o amor, ou poderia parafrasear: onde o “filho”, é o amor... “coisa de agulha”, coisa de Pai...
Saudade, é como procurar “agulha no palheiro”! Alguns encontram, outros não...mas sabemos que está lá...Sabemos que estamos aqui, a procurar...
Você não escolhe seu pai, não escolhe seu filho, mas escolhe, quando se tornar Pai, e isto não é quando nasce seu filho, mas quando seu filho o enxerga como Pai.