Depressão e suicídio temos que vencer este jogo

Após o suicídio de Jeremy Wisten os temas depressão e suicídio vieram a tona no universo do futebol mundial.


Neste último domingo o jovem jogador Jeremy Wisten de 17 anos que atuou na base do Manchester City, no sub-13 e foi dispensado pelo clube, este acontecimento foi um possível gatilho emocional que ativou a profundas crises depressivas, segundo familiares, Jeremy entrou numa profunda depressão que culminou no seu final trágico. Jeremy era comparado ao ex zagueiro belga Vincent Kompany Vicent.

Nos casos de dispensa e desligamentos dos clubes, há falta de uma abordagem mais humana, um apoio psicológico, os clubes devem conduzir estes momentos de forma mais humanizada e desenvolver um trabalho específico para enfrentamento da possíveis frustações dos jovens.

Aos jovens esportivas são depositadas uma excessiva carga de responsabilidade, quando há uma dispensa não conseguem lidar com suas emoções, na maioria dos casos há uma necessidade de auxílio profissional.

O ex jogador Baiano aos 17 anos, quando atuava na base do Santos, perdeu seu pai e logo em seguida sua mãe, viu tudo se acabar e cair uma enorme responsabilidade com seus irmão aos seus ombros, na ocasião foi afastado dos gramados e obteve auxílio de profissionais e dos seus treinadores, em especial do Coutinho, ex jogador santista da era Pelé. Após se recuperar retornou suas atividades no clube, recentemente admitiu ter pensado em suicídio na época.

Temos outros dois exemplos mais recentes de depressão no futebol, um com o atacante argentino Jonathan Cristaldo que atuou pelo Palmeiras em 2016, admitiu em entrevista a um jornal argentino que enfrentou momentos de depressão e que pensou em suicídio após passar por lesões entre os anos de 2017 e 2018.  O segundo foi do ex-árbitro Rodrigo Bragheto que após se aposentar dos gramados em 2013 de enfrentou momentos de depressão.

A depressão e suicídio são assuntos que vem ganhando relevância, embora, ainda é um tabu social para muitos e que deve ser quebrado, sobretudo no futebol, deve ser mais abordado, pois são questões sociais importantes e de relevância na atualidade. 

Depressão e suicídio é um problema de saúde pública, tanto no Brasil quanto no mundo. Os dados do brasileiro apontam que cerca de 5,8%, aproximadamente 12 milhões de pessoas sofrem de depressão. E o suicídio é a quarta maior causa de morte de jovens brasileiros entre 15 e 29, causando a morte de quase 30 pessoas por dia. E pouco se discute sobre esta questão na sociedade e no universo esportivo ainda menos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde o diálogo preveni cerca de 90% dos casos de suicídio. Neste sentido devemos conversarmos mais sobre as frustrações, que fazem parte da vida. É importante as pessoas vislumbrem uma possibilidade real de diálogo, temos que conversar, sem pré julgamentos, juízo de valor, simplesmente doar um tempo e oferecer ajuda.

Todos temos que começar a conversar mais sobre essas importantes questões sociais, nas famílias, escolas, clubes, sindicatos dos atletas, órgãos e entidades esportivas, ou seja, precisamos abordar com mais frequência estes importantes temas da saúde pública. Pois, devemos abandonar, de uma vez por todos, a ideia de que depressão é uma frescura ou fraqueza, depressão é uma doença grave que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo.

 

Téo Pimenta, é professor universitário e diretor do Instituto Esporte Vale (IEVALE).
Procura refletir e compreender o fenômeno esporte nas suas diferentes dimensões.
Criador do Canal Téo Pimenta no YouTube.
Colunista no AgoraVale desde 2018.