O Flamengo com o técnico Jorge Jesus ultrapassou uma marca histórica de 40 anos com as 18 partidas de invencibilidade, disparou na liderança do Brasileirão e está na final da Libertadores, assim, com chances reais de conquistas em 2019.
O Flamengo de 2019 entrou para a história do clube ao ultrapassar 18 jogos de invencibilidade em Brasileiros, batendo um recorde que durava 40 anos. Seria um presságio?
O recorde de 17 partidas sem perder, que até então era do Flamengo de 1980, era a melhor marca do clube em Brasileiros, campeonato disputado desde 1971, na ocasião Zico era o protagonista da equipe e o maior ídolo da história do clube. Sem cair no pecado das comparações, mas registrando mais um recorde batido pelo Flamengo de 2019, que é o do centroavante Gabriel com seus 21 gols neste Brasileiro, igualou a marca de Zico, recorde de duas temporadas do Galinho, 1980 e 1982.
O certo é que no futebol brasileiro existe uma pressão por títulos, se o Flamengo não conquistar a Libertadores da América como fez com Zico e cia em 1981 a 38 anos atrás e o Adriano Imperador e cia a 10 anos no Brasileiro de 2009, se este Flamengo de 2019 não conquistar os títulos neste ano, não entrará na história do clube e amargara mais uma temporada de fila.
Com recentes e incontestáveis goleadas, da qual destacamos duas, uma na Libertadores e a outra no Brasileiro, respectivamente, a de 5 a 0 sobre o Grêmio de Renato Gaúcho na semifinais da Libertadores e a de 4 a 1 sobre o Corinthians de Fábio Carille que culminou na demissão do técnico. Esta goleadas denunciaram as fragilidades dos sistemas e ideias de jogos dos técnicos brasileiros que precisam ser revistas, urgentemente. Será que veremos mais técnicos de fora no futebol brasileiro? Se o Flamengo conquistar os títulos acredito ser bem provável.
Com o sucesso momentâneo dos técnicos estrangeiros abriu-se uma discussão sobre os trabalhos dos estrangeiros nesta edição do Brasileiro, que é real, começou um debate sobre a possibilidade de mais treinadores estrangeiros comandarem times brasileiros. Mano Menezes recentemente se incomodou com este questionamento em uma bancada de um programa esportivo, retratando o incômodo dos técnicos nacionais. Particularmente essa discussão também me incomoda, o debate deve ser mais aprofundada e não se basear nas questões imediatistas, mas sim nas questões estruturais dos clubes e do futebol, muitas coisas devem ser mudadas no futebol, tanto dentro quanto fora de campo.
Jorge Jesus apostou no desafio de trabalhar no futebol brasileiro após passagens de sucesso no futebol europeu. A verdade é ele que coloca seus times para jogar para frente, estimula a valorização da posse de bola e não costuma poupar seus jogadores. O fato é que quando Jesus chegou na Gávea em 20 de junho, o Flamengo estava a 8 pontos atrás do Palmeiras de Felipão e 4 meses depois ultrapassou e abriu 10 pontos do Palmeiras. Qual seria os segredos de Jorge Jesus? Seria ter João de Deus como auxiliar?
O técnico português faz parte de um grupo de 592 treinadores qualificados com a licença UEFA Pro na Europa, teve um trabalho de destaque no Benfica, em seis temporadas conquistou nove títulos nacionais, comandou brasileiros como Davi Luiz e Jonas. Em seus anos de carreira no futebol coleciona 48 goleadas por 4 gols e seus times marcam em média de 2,2 gols por partidas.
Metodologicamente Jorge Jesus dedica uma atenção especial as bolas paradas, seu sistema preferido é o 4-1-3-2, com um 9 clássico, peça quase extinta pelo técnicos brasileiros, que particularmente sinto muita falta dessa referência no ataque. Fã de Johan Cruyff e da ideologia do Futebol Total, executada na prática com o Carrossel Holandês de 74, seleção que ficou marcada pela marcação forte e sob pressão, pela forma rápida de se organizar em campo e criar espaços, por valorizar a posse de bola e por buscar jogar com intensidade e velocidade.
Suas escolhas por reforços deram certos, as indicações como a dos laterais Rafinha e Filipe Luiz, do meio campo Gerson e do desconhecido zagueiro espanhol, Pablo Marin, se encaixaram num elenco milionário, promissor e forte.
Há duas chance de conquistas reais, uma pela Libertadores no Peru no próximo sábado, parada duríssima contra o argentino River Plate, atual campeão da competição e a outra uma tarefa mais fácil, aparentemente pelo futebol muito acima das outras equipes, mas isso também não se trata de uma certeza, como dizem, o futebol é uma caixinha de surpresas. Os futuros adversários do Rubro-negro irão engrossar, um exemplo foi na última rodada pelo Brasileiro no empate em 4 a 4 com o Vasco, adversário que havia goleado por 4 a 1 em jogo pelo primeiro turno.
O fato é, que o Flamengo amarga um jejum de títulos destes dois campeonatos e mais uma vez dizendo, possuem chances reais de conquistas, mas se não ganhar a Libertadores e o Brasileirão em 2019, as provocações, em especial a do cheirinho, continuaram.