"Fazer um personagem tão icônico é um grande desafio", diz Odilon Wagner sobre interpretar Freud nos palcos

'A Última Sessão de Freud' é atração cultural em Jacareí neste fim de semana.


Odilon Wagner e Cláudio Fontana. (Foto: João Caldas)Odilon Wagner e Cláudio Fontana. (Foto: João Caldas)

Um dos maiores sucessos dos palcos, o espetáculo "A Última Sessão de Freud" será apresentado em Jacareí neste fim de semana,  dias 11 e 12 no Educamais Jacareí  - Sala Ariano Suassuna. Uma história que discute o ateísmo e a crença em Deus, além das relações humanas. Com direção de Elias Andreato, a peça é estrelada por Odilon Wagner e Cláudio Fontana.

Para falar sobre o espetáculo, o ator Odilon Wagner conversou com a coluna e falou um pouco sobre esse trabalho.

Marcos Bulques: A peça trás reflexões com discussões sobre ateísmo e crença em Deus. Como é recebido esse tema pelo público ?

Odilon Wagner: Esse é o tema central da peça. Freud era ateu, militante e o CS Lewis, um dos maiores defensores da fé cristã raciocinada. Esse foi um dos temas principais da vida do Freud. Era um homem muito profundo, estudava profundamente as religiões, conhecia livros sagrados do cristianismo, Torá, o Alcorão, então ele debatia com conteúdo não era simplesmente um acredito ou não acredito e, por isso, as conversas são muito interessantes, trás muitas reflexões [...] e da parte do Lewis também, tinham reflexões profundas sobre a crença porque ele também tinha sido ateu. E esse é um tema que mexe com todos os seres humanos. Quem é que já não parou para pensar nisso na vida, no sentido da vida, sexualidade, a existência de Deus, vida após a morte?

Marcos Bulques: Você interpreta Sigmund Freud. Como foi a construção do personagem? Foi difícil?

Odilon Wagner: Fazer um personagem tão icônico, tão famoso quanto o Freud é um grande desafio e é um grande prazer. Tem dois lados, um prazer muito grande porque são raras as vezes que um ator recebe na vida um personagem tão potente, com tanto conteúdo quanto o Freud. E por outro lado também é perigoso, é muito fácil cair na caricatura. Nós fugimos disso durante todo nosso processo de criação. Tento trazer o Freud mais humano possível. Na peça ele está com 83 anos de idade, então já tem uma fragilidade da idade, da saúde inclusive, que o deixa mais humano. Ele era um homem extremamente humano e amoroso. Talvez sejam essas as palavras. Posso afirmar, sem dúvida nenhuma que seja talvez o trabalho mais impactante e marcante dos meus 53 anos de carreira.

Marcos Bulques: O texto fala muito das relações humanas. Esse é um tema que pode ser debatido em vários aspectos em nossa atualidade. Como você vê hoje as relações humanas numa época que tudo mudou, como essa nova geração da era digital, por exemplo?

Odilon Wagner: As relações humanas hoje são mais digitalizadas, como você mesmo colocou. O Freud foi um dos filósofos, pensadores, que mais investigou profundamente a mente humana. Tido o processo da psicanálise que acabou se desenvolvendo depois para a própria psicologia, como entendemos hoje dando base para todo o estudo da saúde mental do psiquismo, era um homem que imagino que se vivesse no mundo de hoje, não ficaria muito feliz, porque ele tinha justamente uma atenção para o próximo. Realmente hoje a gente vive uma vida de poucos encontros. Eu outro dia li um amigo falando que não lembrava quanto tempo ele não escrevia uma carta de verdade ou não recebia uma carta de verdade. Até para parabenizar um amigo pelo aniversário, a gente manda mensagem. E é tão fácil pegar no telefone e falar realmente, então creio que é a hora e o momento da gente humanizar mais as relações. Isso se torna cada vez mais fundamental nos dias de hoje.

Para mais informações sobre a apresentação do espetáculo em Jacareí,  CLIQUE AQUI.

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