O dia começou tumultuado na manhã desta quarta-feira (27) em Caçapava. Empresários da cidade marcaram uma manifestação às 10h em frente a Câmara Municipal e que de lá, seguiram para a prefeitura. O motivo seria o serviço de delivery para o comércio que, de acordo com o decreto 4605, não é permitido.
No momento da manifestação, os empresários gritavam pela presença da prefeita Pétala Lacerda (Cidadania), que naquele momento, não estava no local. O vice-prefeito, Paulo Eugênio, foi até o portão principal da prefeitura conversar com os comerciantes. "Houve uma interpretação errada do decreto, mas outro será feito", disse. Mesmo assim, o pedido era a presença da prefeita, que chegou ao local pelos fundos e se reuniu com representantes da classe.
Reunião
Durante a reunião, a prefeita foi questionada sobre a flexibilização de outras cidades, como Guaratinguetá. "É porque é outra região", justificou. Vale lembrar que o Vale do Paraíba está na fase vermelha do Plano São Paulo, imposta pelo governo paulista. "Junto com o corpo jurídico nós já estamos analisando. Existe a possibilidade do delivery e drive-thru. Nós precisamos incentivar o comércio com o atendimento individual. Referente às academias, nós ainda não temos uma posição", explicou Pétala, por transmissão online nas redes sociais.
Prejuízo
Diante das novas restrições, o comércio tenta alguma saída, quase que impossível, diante da imposição do governador João Dória. Para o comerciante Divanei Lima, o momento é delicado. "Ficamos entre a cruz e a espada. Se abrir, sou multado, se fecho, tenho prejuízo. Se continuar assim, logo tenho que entregar o ponto comercial. Ano passado já vendemos cerca de 30% do que era pretendido. Achamos que agora conseguiríamos respirar e, de repente, fecha tudo de novo", conta. Já o comerciante Matheus Mirra, diz que o faturamento caiu muito. "Desde que a pandemia começou, nosso faturamento caiu em 50% no acumulado e em 30% nos meses abertos, que pudemos trabalhar. Tivemos 09 funcionários dispensados", explica.
Em nota, a Associação Comercial e Empresarial de Caçapava disse que há três dias vem usando de todos os recursos legais para levar ao conhecimento da prefeita e do secretário de Justiça para entrar num entendimento do que é possível realizar. Disse também não acreditar que o comércio e o setor de serviços, são os propagadores do vírus, uma vez que todos os protocolos de segurança e as medidas sanitárias estão sendo seguidas.
Procurada para falar sobre o assunto às 14h, a Comunicação da Prefeitura de Caçapava não respondeu nosso e-mail até o fechamento da coluna às 15h30. A Prefeitura, em nota, respondeu às 16h29 onde informou que foi publicado um novo decreto (4606) ampliando para o delivery o setor comercial, além de permitir o funcionamento interno de alguns estabelecimentos, sem público. Salões de cabeleireiros e academias, por exemplo, continuam proibidos. O decreto na íntegra está disponível no site da prefeitura.
"Mortos não consomem", disse governador João Dória
O governador de São Paulo, João Dória (PSDB) disse hoje em entrevista à Rádio Band News FM que "mortos não consomem". "Sei que é difícil, complexo, sei que é muito duro para um comerciante, dono de bar, dono de restaurante, de um pequeno comércio suportar isso. Mas quero lembrar que mortos não consomem, mortos não vão a bares, mortos não vão a restaurantes, mortos não compram pão e mortos não compram sapatos. Temos que preservar vidas para depois recuperar a economia. Vamos fazer isso. Isso vai acontecer", disse.
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*Marcos Bulques é jornalista, formado pela Universidade do Vale do Paraíba e pós-graduado pela Universidade de São Paulo. Atuou em rádio, televisão, revista, jornais impressos e assessoria de imprensa. Desde 2013 assina a coluna Inside do Agora Vale.