O público aguardava ansiosamente para o show da banda Falamansa em Caçapava. A banda, que completou 25 anos, foi uma das atrações da 37ª Festa Junina do GAMT (Grupo de Assessoria e Mobilização de Talentos), uma associação civil sem fins lucrativos.
A coluna, que esteve na festa, conversou com o vocalista da Falamansa, Ricardo Cruz, o Tato, que analisou esse tempo de carreira do grupo.
"É uma história de verdade, feita a cada semana, a cada cidade desse país, é um trabalho real, não é um trabalho fictício, é algo que acontece há 25 anos e nada supera o fazer. Qualquer coisa que você fizer em qualquer profissão, que você faz determinada coisa repetidas vezes, depois de um certo tempo, você acaba virando referência daquilo, então a Falamansa hoje, sem dúvida nenhuma, ao longo da carreira, sempre vai colhendo os frutos dessa persistência e isso vem de um objetivo muito claro, da banda, de perpetuar essa arte de falar de coisas boas através da canção. Então, os objetivos da banda são muito claros desde o início e não são mutantes, a gente não muda o nosso objetivo por conta do mercado[...] Depois de muito tempo, a gente percebe que isso nos trouxe essa representatividade, que é muito bacana", refletiu o cantor.
Forró ou Sertanejo?
O artista falou a respeito das grades de programação das festas de São João pelo Brasil, que são, muitas vezes, lideradas pelo sertanejo e não pelo forró, gênero característico do São João. Isso acabou virando um "debate" sobre o assunto nas redes sociais. Segundo o cantor, é preciso fomentar o forró.
"A demanda faz com que nos eventos de São João hoje em dia tenham outros ritmos. É claro que a gente tem que prezar e fazer com que a nossa cultura não se apague, mas você jogar nas costas do povo algo que é uma função da sociedade como um todo, do governo, mas também de todos nós, no dia a dia, colocarmos o forró em evidência novamente [...] acho que falta na sociedade fomentar mais as bandas de forró para que elas cheguem fortes nos eventos. Se você me perguntar se eu gosto de eventos grandes de festa junina sem forró, não, não gosto, obviamente não. A Falamansa é uma banda que sofre com isso também. A Falamansa não está nas grades de grandes eventos de forró, dos grandes eventos do Nordeste, por exemplo, e antes disso, acredito que a Falamansa foi uma das primeiras a ser cortada", lamentou Tato.
O assunto já é antigo. Em uma conversa com este colunista numa outra ocasião, Elba Ramalho defendeu o equilíbrio da programação musical.
"Muitos artistas foram limados das festas, gente que defende essa cultura, gente que é forrozeiro autêntico, gente que passa o ano esperando São João para trabalhar, então vamos equilibrar a grade, vamos botar coerência e manter a nossa tradição e trazer os convidados, mas de forma equilibrada, não botar 15 duplas sertanejas e três artistas nordestinos, aí as pessoas gritaram", disse a cantora à época. (Veja trecho desta entrevista com Elba no vídeo abaixo)