Alguns dias Jesus se afastava das multidões para poder formar seus discípulos. Prevendo a perseguição que iria sofrer em Jerusalem, procurou preparar seus ânimos para o sofrimento vindouro: O Filho do homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão.
Os discípulos não compreendiam essas palavras. Menos ainda entendiam a segunda parte: Tres dias após a sua morte, ressuscitará.
Entendiam tão pouco que no caminho discutiam sobre qual deles seria o maior. Chegando em casa, Jesus lhes deu uma lição: Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos.
Se os alunos da escola de Jesus ainda tinham tais ambições, é bem possível que a vontade egoísta de querer o lugar melhor na sociedade e na Igreja continue presente também entre cristãos do nosso tempo de tecnologia e comunicação. Para todos nós continua valendo seu recado: Fazer da nossa vida um serviço aos outros.
Colocar o bem comum acima de tudo, acima de vantagens pessoais. Isso vale de maneira especial para quem ocupa algum cargo na Igreja ou na cidade. Também para políticos. A política é a nobre arte de colocar seus dons a serviço do bem comum.
Um serviço importante na Igreja e no mundo é o trabalho de evangelização: Prega a palavra, quer agrade quer desagrade! A pregação se faz com a palavra e com a vida. Pregadores incomodam com a palavra. Santos incomodam com o exemplo.
O livro da Sabedoria já faz um alerta sobre isso quando diz: Os ímpios dizem: Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda. Ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei e nos reprova as nossas faltas. Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas. Vamos condená-lo à morte vergonhosa.
Temos aí uma profecia sobre a perseguição contra Jesus, e contra muitos dos seus discípulos até o nosso tempo. O discípulo não está acima do Mestre.Quem quiser ser meu discípulo, tome sua cruz e venha me seguir.
Mesmo neste tempo que tanto se gloria de prezar a liberdade religiosa, ainda existem regiões onde é perigoso ser cristão, onde é proibida anunciar o Evangelho. No mundo inteiro existem forças que se opõem aos ensinamentos de Jesus e da Igreja. Até mesmo em países onde quase todos se dizem cristãos.
Inimigos da família procuram destruir uma grande conquista do cristianismo: A família constituída por um homem e uma mulher na fidelidade de um amor que se estende a filhos acolhidos e educados para uma vida feliz no caminho indicado pelo amor de Deus.
O problema maior não são os inimigos que atacam a Igreja de fora, mas os que dentro dela criam divisões, e cristãos que não procuram conhecer a Palavra de Deus nem viver de acordo com seus mandamentos. Muitos são católicos sem saber por que, sem ter conhecimento suficiente para ter firmeza na fé. Muitos têm uma fé tão fraca que não dá nem para uma Missa no domingo, muito menos para um esforço constante para orientar a vida de acordo com os ensinamentos de Jesus apresentados pela Igreja.
Desde os primeiros séculos surgiram divisões na Igreja, às vezes causadas por novos escribas e doutores da lei que não querem obedecer à orientação daquele que Jesus incumbiu da tarefa de confirmar os irmãos na fé. Alguns desentendimentos levaram a rupturas, ao surgimento de igrejas separadas que continuam produzindo um número cada vez maior de novas igrejas e igrejinhas, algumas perdendo muito tempo a falar mal da Igreja que lhes transmitiu os ensinamentos de Jesus.
Os evangelhos contam que Jesus reunia seus discípulos para prepará-los para continuar a sua missão. Deus quer convidar a você também para estar com ele. Não espere um convite especial como foi dado ao Saulo perseguidor que precisou cair do cavalo para encontrar o caminho do Senhor.
O chamado de Deus pode acontecer no silêncio de sua oração em casa ou na Missa. Pode chegar por um amigo que convida para participar de um encontro de oração e estudo organizado por pastorais ou movimentos para discípulos missionários.
Nos tempos da nossa civilização tecnocom, Deus pode até usar um computador para enviar um recado para você. O importante é não cair fora quando for chamado para uma missão especial e difícil na Igreja ou no mundo.
As dificuldades do caminho podem ajudar a não esquecer que o discípulo missionário de Jesus não pode fugir da cruz.
Tenho uma pergunta para ateus e agnósticos que não aceitam como Palavra de Deus os recados de Jesus anotados por discípulos seus nos textos dos evangelhos: Nossa existência terrena na convivência com os outros não seria bem melhor se todos procurassem viver de acordo com os ensinamentos de Jesus?