As desigualdades que nos segregam


Neste ano de 2017, com a Campanha da Fraternidade, tivemos a oportunidade de conversar e rezar um pouco sobre o tema dos biomas brasileiros. Sabemos bem que a Campanha da Fraternidade não se encerrou com a Quaresma, mas é um tema que acompanha os caminhos da comunidade cristã durante todo o ano.

Falar dos biomas é falar da nossa história, conhecer um pouco mais da nossa geografia, aprofundar um pouco a vida humana, presente em nossas terras, descobertas quando aqui chegaram os primeiros colonizadores.

Relendo nossa história, é triste perceber que a colonização no Brasil foi marcada por interesses políticos e por uma política doente que semeou essa ingrata forma de exploração e destruição da harmonia da vida entre as pessoas. Colhemos hoje o que, anos idos, aqui foi depositado; por isso tanta dor e tanta segregação.

E qual é o nosso papel, pessoas esclarecidas e cristãs, diante de tanta injustiça? Sabemos que ter consciência e não ter condições estruturais, muitas vezes nos frustram, por não nos levar a nada. Mas o papel profético não pode parar. Precisamos, em nome de Jesus, continuar denunciando as injustiças e incomodando com a força dessa Palavra libertadora,  que veio para confortar e consolar os pobres e abandonados, os injustiçados e oprimidos da nossa sociedade.

Quantas vidas foram ceifadas, quantas famílias destruídas, quantas histórias humanas tristemente apagadas e quantos se beneficiando a partir disso para o próprio enriquecimento.

Recorda-nos o Papa Francisco na Laudato si’ que “a deterioração do meio ambiente e da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta. Tanto a experiência comum da vida cotidiana como a investigação científica demonstram que os efeitos mais graves de todas as agressões ambientais recaem sobre as pessoas mais pobres. (...) O impacto dos desequilíbrios atuais manifesta-se também na morte prematura de muitos pobres, nos conflitos gerados pela falta de recursos e em muitos outros problemas que não têm espaço suficiente nas agendas mundiais” (n. 48).

Que esse tempo pascal nos inspire sempre a força dos primeiros Apóstolos, que tomados pela coragem e deixando-se usar pela ação do Espírito, continuaram o legado de Jesus. É preciso continuar indo por todos os povos e lugares e anunciar essa Boa Nova: em Jesus, o Ressuscitado, a vida encontra esperança!