Despojando-se de toda a beleza, Cristo redimiu a beleza do mistério pascal. Somos purificados pela cruz e pela ressurreição de Cristo. Escreveu Santo Agostinho que é amando a Deus que nos tornamos belos. Misericórdia tem sabor de beleza. Não uma beleza estética, mas a beleza da alma, que nos torna pessoas mais livres. Foi olhando nossa miséria, enquanto seres humanos, que Cristo clamou ao Pai por nós. Diz a narração que “do seu lado aberto pela lança, correu sangue e água”, como um gesto de purificação dos nossos pecados. O amor de Deus sendo derramado sobre nossas misérias e indiferenças. Somente um Deus tão imenso é capaz de manifestar um amor assim.
Vivendo “misericordiados” em Deus, aprendemos o tempo de amar. É preciso recordar que as grandes catástrofes não são duradouras, que os terremotos ou vulcões, ainda que assolem nossas vidas, não duram a vida toda.
Caminhe em direção ao outro, sem esperar que ele faça o mesmo. Não viva na cobrança do outro, atirando pratos ao chão, pois não seremos para sempre os mesmos. É preciso aprender a construir, descobrindo as diferenças e harmonizando as relações.
Viver a misericórdia é dar uma trégua aos dramas, sorrir mais que entristecer-se. Não é uma fuga dos problemas, mas uma oportunidade de fazer dos problemas, oportunidades de maior atenção, cuidado e abertura ao próximo. Somos pessoas necessitadas e no ato de nos ajudarmos mutuamente, construiremos mais pontes que muralhas.
Hoje é a Páscoa que celebramos! E a alegria de sermos “ressuscitados” com Cristo é a manifestação de que nossos corações querem dar um “basta” ao desamor e sermos semeadores de uma vida nova, com mais alegria, perdão, vida, misericórdia e paz.