É desconfortante quando tentamos compreender certos ensinamentos e gestos de Jesus, quando a partir dos mais oprimidos, Ele nos apresentou o caminho para o Céu.
No desejo de explicar quem é o meu próximo, Ele não buscou exemplos entre as pessoas piedosas do seu tempo, nem dentro dos ambientes religiosos por onde passou, mas citou um samaritano considerado herege, uma mulher síria, um estrangeiro centurião, pessoas que jamais seriam bem-vindas e acolhidas entre os "escolhidos" de Deus.
Creio que Jesus não tenha feito isso para provocar uma crítica grosseira, mas para tentar quebrar os corações endurecidos, fazendo-os compreender quem é Deus, um Pai cheio de compaixão e misericórdia diante da dor humana. É pena que muitos que se dizem cristãos, sabem disso, mas não conseguem levar esse aprendizado para o cotidiano de suas vidas, pois a compaixão precisa continuar acontecendo em nosso meio, Deus pede passagem em nossos corações para tais atitudes.
Foram os olhares que, com absoluta certeza, Jesus dirigiu para os empobrecidos e sofridos à beira do caminho, estendendo-lhes as mãos e reconfortando suas feridas, que os fez acreditarem na vida e buscarem o Reino de Deus.
Quando se está do lado dos enfraquecidos, dos julgados injustamente, dos desclassificados da sociedade, receber um olhar que devolve a dignidade, não importando o motivo da acusação, é como experimentar já aqui no agora, o sentimento do Céu.
Dessa forma, compreenderemos de uma vez por todas, o que significa realmente o sentido de termos um Deus libertador, pois só experimenta a libertação, quem outrora esteve trancado em algum momento da vida.
Bem-aventurados os perseguidos, os caluniados, os injustiçados, pois o Reino de Deus os espera como lugar de cuidado e amor, onde a vida é o dom maior e onde o abraço do Pai cura todas as feridas.