Algo que me surpreende nas páginas dos Evangelhos é o modo como Jesus enxergava as pessoas destacando-as sempre no meio da multidão. Muitos estudiosos da Palavra de Deus destacam esse olhar cheio de compaixão que Jesus dirigia para as pessoas, devolvendo a cada uma a dignidade roubada diante de tanta discriminação que sofriam pela sociedade ou mesmo pelo ambiente religioso. Foi assim que Jesus enxergou Zaqueu pendurado numa árvore, enxergou Levi na banca de impostos, enxergou aquela samaritana junto ao poço, enxergou aquele ladrão ao seu lado no Calvário e tantos outros personagens nos Evangelhos. Como deve ter sido fascinante a experiência de ser encontrado pelo olhar de Jesus, um olhar que não tinha pressa em condenar ou apontar os erros, mas de enxergar no profundo de cada um, algo bom e possível de ser resgatado. A vida cristã precisa aprender a resgatar essa atitude tão nobre capaz de agregar os corações numa experiência de mais amor. Quando abrimos mais os braços e usamos menos as palavras que machucam, respondemos de forma objetiva aos sentimentos de Cristo. É muito comum encontrar ainda nos ambientes religiosos olhares que nos condenam e comportamentos frios que nos afastam de um verdadeiro sentido de comunidade. O Evangelho parece caminhar a muitos quilômetros de distância de nossas vidas. Peçamos a graça de enxergar com os olhos de Jesus, correspondendo mais nas atitudes de compaixão e misericórdia. O mundo ao nosso redor padece por tanta violência e carece de pessoas capazes de anunciar a Boa Nova a partir de atitudes mais humanas e fraternas. Olhar com os olhos de Cristo é dar uma oportunidade para a paz!