Nas pegadas da vida

Nós que vivemos neste tempo não sabemos mais o que é contemplar


Mais um final de ano se aproxima. É chegado o tempo de fazer um balanço sobre as conquistas e as frustrações vividas, alegrando-se com o que deu certo e nos entristecendo com o que não foi possível conquistar.

Vivemos tempos desafiadores, como em todas as épocas da humanidade, tempos onde a esperança de dias melhores, parece perder a sua força. Como é triste acompanhar a decadência pela qual o comportamento humano vem se apresentando, carregado de tanta
fragilidade. Perdemos a nossa capacidade de se maravilhar diante das coisas e vivemos aguardando sempre a próxima catástrofe para alimentar o nosso interior. Nós que vivemos neste tempo não sabemos mais o que é contemplar. Acostumamo-nos com o que é desarmonioso, com a violência, com a grosseria e com as misérias da vida.

É preciso uma grande motivação interna para buscar as razões que se perderam, as iniciativas capazes de deixar a vida mais leve e mais carregada de esperança. O que Deus nos deu de mais precioso está em algum lugar dentro de nós e não podemos perder essa grande graça. Sempre é hora de voltar e refazer o que se perdeu na trajetória da nossa vida.

Nessa vida feita de surpresas e oportunidades, teremos sempre a oportunidade de fazer do comum o extraordinário, com o que temos e somos, sem delegar para o que não nos pertence a causa das nossas quedas ou paralisias.

É hora de caminharmos na direção do outro sem esperar que ele venha até nós. É hora de dar mais que receber e de amar mais sem esperar nada em troca. Jesus nos ensina assim e essa é a forma de iniciar o Reino de Deus em nós. Mas, enquanto tivermos um coração enraizado nas misérias deste mundo, não compreenderemos nunca o que é o Reino dos Céus.

Nas pegadas dessa vida, não percamos tempo com lamentações ou murmurações, sempre tornando amargas as oportunidades que temos de expressar a leveza das coisas. Não permitamos que as dores do mundo roubem de nós os sentimentos que nos fazem pessoas nobres. O amor de Deus está em nossos corações. É hora de buscar esse amor e administrá-lo com mais zelo e atenção.

Que a sua vida seja a oportunidade única de semear a esperança e de renascer das cinzas, com os olhos fixos no céu, para onde queremos chegar.