Escreveu, certa vez, Adélia Prado: "Dizem que o tempo cura tudo, mas não é simples assim. Ele acalma os sentidos, apara as arestas, coloca um band-aid na dor. (...) E mesmo que o tempo nos leve daqui, seremos eternamente lembrados por aqueles que um dia nos amaram" (Aroma de Poesia).
Jesus torna-se "memória" em cada Eucaristia celebrada, recordando o seu maior gesto de amor para com todos, essa transformadora forma de compreender o momento da cruz. Reconhecer Jesus como Salvador é ordenar a nossa vida aos valores que Ele deixou, não fazendo de nossa religiosidade um emocionalismo descomprometido com a vida.
Quantas vezes, perdemo-nos exageradamente nas fórmulas litúrgicas, vivendo mais de aparências que de verdadeiras experiências transformadoras, cultuando um "Deus" que está preso nas páginas de um Livro e que o deixamos distante da nossa realidade.
Comprometermo-nos com o Evangelho é ter uma vida disponível, uma vida de mais atitudes "crísticas", sem acusações, ameaças, condenações ou rotulações. Precisamos não intelectualizar a morte de Cristo, mas nos comprometermos com aqueles que sofrem.
Ser um homem religioso sem amor é descomprometer-se com um verdadeiro caminho de compaixão e misericórdia. É deixar que o tempo nos roube a eternidade. Como discípulos de Jesus devemos observar o que deixaremos de eterno no coração das pessoas. Quem está mais próximo do coração de Jesus, com certeza não é aquele que ora mais, mas aquele que ama mais.
Jesus nos obriga, constantemente, a uma mudança no modo de viver, retirando de nós o "olho por olho e dente por dente" e nos fazendo compreender que o amor até mesmo pelos inimigos, é a porta de entrada para a Vida Eterna.
É hora de aprendermos algo novo sobre Jesus, algo que não descobrimos numa primeira catequese realizada e que pode nos fazer "cidadãos do céu". Que Jesus seja o tudo em nós! Bem mais que doutrinas e dogmas, que Ele mesmo seja a certeza a conduzir os nossos passos e nos fazer discípulos autênticos.