"Signifique" a vida

Como é bom significar o que amamos e quando sentimos a ausência de alguém!


Nesses anos da minha vida sacerdotal, deparo-me, muitas vezes, com vidas humanas que perderam o próprio sentido. Essas perdas são fruto das decepções acumuladas, das derrotas contínuas somadas, do fracasso diante dos sonhos interrompidos.

                É sempre válido recordar que, para todos nós, a vida não encontra apenas alegrias e oportunidades de conquistas, mas também, muitas decepções e muitas derrotas. Basta estarmos vivos para enfrentar, todos os dias, o dilema do bem e do mal.

                Como é bom significar o que amamos e quando sentimos a ausência de alguém ou a saudade de algum momento, é porque esse alguém ou esse momento, de alguma forma, têm a sua importância para nós.

                Nesse tempo sombrio que atravessamos dessa pandemia, o despertar solidário foi como que um grito em nossos corações. Percebemos que a dor do outro se torna também a nossa dor, vimos que a morte não escolhe famílias ou condições sociais, mas ela chegou para todos e sem pedir licença. Quantas são as cenas que queremos apagar de nossas mentes, quantas lágrimas sendo partilhadas, quanta dor sendo semeada todos os dias no território de nossos corações.

                Que as marcas dessa longa travessia, que estamos percorrendo, despertem em nossos corações um desejo maior de unir, de restaurar, de congregar tudo o que ficou aos pedaços. Que ousemos dar o primeiro passo, mesmo com nossas razões. Emprestemos aos nossos corações os sentimentos de Cristo, que nunca se antecipou em apontar os erros ou as infidelidades dos outros, mas teve pressa em visitá-los e, com eles, condividir a ceia.

                É assim que Ele mesmo desejou permanecer entre nós, pelo significativo gesto de uma ceia. Que o partilhar do pão e do vinho, seja nossa forma de também partilhar mais o coração, o sorriso, o abraço e acolhida, gestos que podem restaurar a vida e significar tudo o que está ao nosso redor.