Vivemos tempos difíceis, tempos assustadores, tempos que deixam os nossos corações carregados de medo e de incertezas. Toda essa pandemia tem nos ensinado o quanto o ser humano é um nada diante das catástrofes humanitárias. Muitos se sentem os "donos" do mundo, os "deuses" da inteligência e das capacidades e, num momento assim, percebemos que não somos nada e devíamos aprender muito com isso.
É hora de silenciar o coração e perceber o quanto nos distanciamos do sentido da vida, o quanto nos tornamos pessoas complicadas com tantas leis e regras, que muito nos distanciou uns dos outros. Um vírus veio nos recordar que tornamos o mundo um lugar de intolerâncias, de interesses imorais, de desastres ideológicos.
Recordando a história do povo de Israel, em um certo momento de sua trajetória, esse povo viveu o tempo do deserto, o tempo de um difícil encontro com a própria história, tempo de tristeza e silêncio, de medo e ansiedade. O deserto se torna essa grande sala de aula, que nos ensina a escutar a única voz que pode mudar, essencialmente, nosso coração, a voz de Deus.
A vida, em muitos momentos, nos aponta o último lugar, como aquele publicano, que implorou a compaixão de Deus, temendo até mesmo erguer os seus olhos. E é nesse momento que sentimos o quanto a misericórdia de Deus está próxima daqueles que se sentem fracos e incapazes.
Que esse tempo assustador e de grande pânico, possa, quem sabe, aproximar os corações humanos, fazer surgir uma nova humanidade com mais valores, pessoas que troquem os interesses egoístas por gestos de solidariedade, homem com mais humanidade, capazes de tornar a vida mais simples e leve, homens com mais desejo de perdoar que vingar-se.
Tenho saudades da minha infância, quando ainda podia respirar um ambiente social de mais respeito e leveza, de mais atenção e bondade entre as pessoas. Que essa pandemia nos cure do vírus que a humanidade nunca buscou ser curada.
Rezemos, nesta Semana Santa, deixando-nos ser tocados pelos sentimentos de Cristo!