A tecnologia sempre transformou a forma como acompanhamos o esporte. Da popularização das transmissões de rádio às câmeras 4K, o avanço digital tornou o ato de torcer mais próximo e interativo. No entanto, essa mesma evolução abriu espaço para um novo tipo de ameaça: o uso da inteligência artificial (IA) para criar vídeos e transmissões falsas que exploram a confiança e a emoção dos torcedores. O que antes era apenas uma ferramenta de entretenimento e conexão agora pode ser usada como instrumento de manipulação.
Nos últimos anos, golpes baseados em deepfakes e falsos streamings se multiplicaram, misturando a empolgação das grandes competições com a precisão assustadora das novas tecnologias de IA. Fãs de futebol, basquete ou automobilismo se tornam alvos fáceis quando o desejo de assistir a um jogo ou acreditar em um ídolo é usado como isca. O resultado é um cenário em que a paixão esportiva, somada à velocidade da internet, pode transformar um simples clique em um grande risco digital.
Ronaldo Fenômeno das apostas
Um dos exemplos mais recentes disso envolveu um vídeo de deepfake da lenda do futebol brasileiro Ronaldo Fenômeno. No clipe, o atleta parecia promover um aplicativo de apostas online chamado "Plinko", alegando que os usuários poderiam ganhar mensalmente mais do que professores ou motoristas de ônibus.
Para um olhar destreinado, o vídeo parecia autêntico: todos os detalhes básicos, como o fundo, os gestos e a voz do astro, eram imitados de forma convincente pela tecnologia. Antes de ser removida das redes sociais, a postagem alcançou milhares de espectadores, muitos dos quais acabaram caindo no golpe.
Transmissões falsas
Outro exemplo inclui transmissões ao vivo falsificadas. Durante grandes torneios, como a Copa do Mundo ou a Liga dos Campeões da UEFA, podem se encontrar diversos links falsos de streaming inundando as redes sociais e os mecanismos de busca. Prometendo acesso gratuito às partidas ao vivo, esses links exibem, na verdade, anúncios pop-up, tentativas de phishing ou downloads de malware.
Em 2024, pesquisadores de cibersegurança observaram um aumento proeminente nas transmissões falsas de futebol durante partidas importantes, com muitos golpes tendo como alvo o público brasileiro. Essas operações usam contas de bots e páginas de rede social clonadas para parecerem confiáveis. Algumas dessas plataformas fraudulentas chegam a exibir contagens fabricadas de espectadores ou caixas de bate-papo geradas por IA para simular autenticidade.
Como se proteger
Diante desse cenário, é fundamental que os torcedores sigam algumas recomendações básicas para se proteger, como:
Usar ferramentas de segurança. Contar com a ajuda de redes virtuais privadas (VPN) para criptografar os dados sendo transmitidos na internet é o primeiro passo. Especialmente se o usuário privilegiar as versões premium dessas ferramentas. Isso porque embates como VPN grátis vs VPN paga acabam resumindo-se em confiar cegamente em provedores duvidosos (como o da maioria dos serviços gratuitos) ou pagar por mais segurança (que é, em última instância, o objetivo central).
Verificar a fonte. Transmissões oficiais geralmente são hospedadas por emissoras verificadas ou plataformas como FIFA , ESPN ou redes esportivas nacionais. Se um link promete "streaming HD gratuito" de um domínio desconhecido, provavelmente é uma armadilha.
Cuidado com as celebridades. Mesmo que pareçam reais, recomendações falsificadas de pessoas públicas têm sido uma fonte constante de golpes. Ferramentas de IA podem replicar rostos e vozes com precisão impressionante, então é preciso atenção.
À medida que a tecnologia de deepfake avança com a IA, o ceticismo e a conscientização das ameaças digitais se tornam tão importantes quanto a lealdade aos times do coração. Em um mundo onde até o Ronaldo pode ser personificado por um algoritmo, cada clique merece uma segunda reflexão.