Ações da Petrobrás se recuperam na semana, mas ainda lideram perdas entre as petroleiras em 2020

Resultados do primeiro trimestre das companhias de petróleo não foram impactados fortemente pela pandemia de covid-19. Exportação de óleos combustíveis da Petrobrás cresce e mostra importância do refino


O comportamento das ações das petrolíferas na Bolsa de Nova York (NYSE) na última semana foi de recuperação, e os papéis da Petrobrás tiveram o melhor desempenho entre as empresas do setor, aponta levantamento do Instituto de Estudos Estratégicos em Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (INEEP). No ano, porém, a petroleira brasileira acumula as maiores perdas na comparação com outras.

Após o colapso histórico dos contratos futuros do petróleo norte-americano (WTI) - que chegaram a recuar mais de 300% na semana anterior -, as majors do petróleo apresentaram desempenho positivo. Parte desse breve otimismo, de acordo com Rafael Rodrigues da Costa, pesquisador do INEEP, está relacionado aos resultados trimestrais das petrolíferas.

Os balanços indicaram que as grandes empresas, por ora, ainda não foram muito impactadas pela crise de petróleo ocasionada pela covid-19. A Petrobrás divulgará seu balanço somente em 14 de maio, mas seu relatório trimestral de produção e vendas também indicou baixo impacto da pandemia no 1T20.

Além disso, os planos de resiliência de algumas companhias do setor parecem ter animado o mercado, mostrando ajustes em seus custos em meio a um cenário de profundas incertezas.

Assim, as ações da Petrobrás registraram alta de 9,51% em Nova York, seguidas por Equinor (8,55%) e Exxon (6,95%). Na outra ponta, as majors que tiveram o pior desempenho foram a Total (1,56%), a Shell (-5,77%) e a Sinopec (-7,09%).

No caso da Petrobrás, o isolamento social, que reduziu o volume de vendas no mercado interno em 5,4% no primeiro trimestre, foi mais do que compensado pelas exportações de petróleo cru e derivados, que subiram 55,3% no mesmo período (664 mil barris por dia para 1,03 mbpd). Com efeito, o volume de vendas da empresa aumentou 6,0% entre o 1T19 e o 1T20.

Em comparação a janeiro, contudo, a petroleira brasileira continua sendo a petrolífera mais desvalorizada do mundo, com o preço de suas ações apresentando variação negativa de 56,79%.

Ganhos com o refino

Ao priorizar quase exclusivamente a exploração e produção de petróleo nos campos do pré-sal, a Petrobrás tem realizado um ostensivo programa de desinvestimentos nos demais setores integrados, com venda de ativos nos setores de refino, distribuição, entre outros. Se por um lado isso tem feito com que os ganhos operacionais da companhia sejam, em grande medida, decorrentes das exportações do barril de petróleo cru, por outro a colocam ainda mais vulnerável às oscilações internacionais no preço do barril, avalia Costa.

Além disso, os resultados trimestrais de vendas da companhia revelam como o setor de refino pode ser uma excelente oportunidade para geração de caixa da Petrobrás, analisa o pesquisador do INEEP, tendo em vista que mesmo em meio à pior crise do século, a petroleira brasileira conseguiu aumentar a sua exportação de óleos combustíveis (diesel, bunker, fuel-oil etc.) em mais de 140% para o mercado asiático nos três primeiros meses do ano, saltando de 10,6 milhões de barris para 25,5 milhões de barris. Em dólares, essas exportações representaram um salto de US$ 196,3 milhões de óleos combustíveis, no 1T2019, para US$ 885,8 milhões no 1T2020, um crescimento de 351%.

Número-índice: medida estatística para comparar a variação de produtos diferentes. Neste gráfico, ao considerar os valores do dia 03/01/20 igual a 100, é possível entender o grau de oscilação das ações das petroleiras em Bolsa.