Banco Central do Brasil anuncia que moeda digital poderá ser emitida no país

A moeda será garantida pelo Banco Central que apenas guardará o dinheiro para o cliente que optar pela nova modalidade


O Banco Central do Brasil divulgou hoje (24), as diretrizes para criação da moeda digital no país. O Brasil poderá ter uma moeda digital emitida pela instituição financeira, como uma extensão da moeda física.

Em nota, a instituição disse que "tem promovido discussões internas e com seus pares internacionais visando ao eventual desenvolvimento" da moeda. Segundo o Banco Central, a moeda deve "acompanhar o dinamismo da evolução tecnológica da economia brasileira".

O coordenador dos trabalhos sobre a moeda digital do Banco Central, Fabio Araújo, explicou a moeda digital será diferente das criptomoedas.

"Os criptoativos, como o Bitcoin, não detém as características de uma moeda mas sim de um ativo. A opinião do Banco Central sobre criptoativos continua a mesma: esses são ativos arriscados, não regulados pelo Banco Central, e devem ser tratados com cautela pelo público", disse.

Ele acrescentou que a moeda será garantida pelo Banco Central e a instituição financeira vai apenas guardar o dinheiro para o cliente que optar pela nova modalidade.

Banco Central do Brasil anuncia que moeda digital poderá ser emitida no paísBanco Central do Brasil anuncia que moeda digital poderá ser emitida no país (Foto : Marcello Casal/Agência Brasil)

De acordo com o BC, a tecnologia de criação da moeda deve "seguir as recomendações internacionais e normas legais sobre prevenção à lavagem de dinheiro, ao financiamento do terrorismo e ao financiamento da proliferação de armas de destruição em massa, inclusive em cumprimento a ordens judiciais para rastrear operações ilícitas". A moeda também deve permitir pagamentos em outros países.

Entre as diretrizes estão a ênfase na possibilidade de desenvolvimento de modelos inovadores a partir de evoluções tecnológicas, como contratos inteligentes (smart contracts), internet das coisas (IoT) e dinheiro programável; a previsão de uso em pagamentos de varejo; e a capacidade para realizar operações online e eventualmente operações offline.

Na nota, o BC diz ainda que é preciso aprofundar a discussão com o setor privado antes de definir um cronograma de implementação da moeda. "O diálogo com a sociedade permitirá uma análise mais detalhada não apenas de casos de usos que possam se beneficiar da emissão de uma CBDC (sigla em inglês referente a Central Bank Digital Currencies, moedas digitais emitidas pelos bancos centrais), como também das tecnologias mais adequadas para sua implementação".

Segundo Fabio Araújo, a expectativa é que sejam reunidas as condições necessárias para que a implementação da moeda em "dois ou três anos". "As condições são a tecnologia e segurança que atendam às diretrizes que foram determinadas hoje pelo Banco Central", disse.

 

*com informações da Agência Brasil