Construção civil é um dos quatro setores da economia que tiveram aumento durante pandemia

Crescimento do setor foi o maior dos últimos oito anos, diz CNI


O ano de 2020 foi assolado com uma crise econômica e sanitária causada pela pandemia de coronavírus. O terror dos economistas acabou confirmado com um cenário pouco promissor: apenas quatro dos 14 setores da economia tiveram estabilidade ou crescimento durante o período de isolamento social, de acordo com estudo realizado pelo Itaú Unibanco. Um deles foi a construção civil, que apresentou uma retomada histórica e teve um índice de aumento no número de funcionários de 49,5 pontos percentuais, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento usou como base os dados de 461 empresas de pequeno, médio e grande porte do setor nas duas primeiras semanas de outubro.

Esse foi um crescimento maior do que a média histórica (de 43,9 pontos percentuais) nos últimos oito anos - o maior ponto havia acontecido em abril de 2012. Isso indica não apenas um momento de intenso trabalho do setor, mas também maior oportunidade de vagas para a engenharia civil, que passava por um período difícil, tanto na formação de novos engenheiros - o número de novos matriculados e ingressantes teve queda expressiva, de acordo com microdados do INEP/MEC de 2019 -, quanto na oferta de emprego para formados e recém-formados.

"Se olharmos a série histórica, vamos ver que faz muito tempo que o índice de evolução do emprego não cruza a linha divisória de 50 pontos como ocorreu no mês de setembro. Só não podemos esquecer que as altas registradas foram precedidas por fortes quedas observadas em março e abril, que haviam levado o emprego a um patamar muito baixo", afirmou o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, em coletiva de imprensa.

O que o aumento tem a ver com a pandemia?

Ainda não há um consenso científico sobre os motivos pelos quais a construção civil e os serviços relacionados a ela - como elétrica, pintura, hidráulica e manutenção em geral de imóveis - sofreram um aumento tão expressivo, embora as possibilidades possam ser estimadas. Durante o período de isolamento, seis em cada dez brasileiros mudaram seus regimes de trabalho do presencial ao home office. Dentro do ambiente de casa, as moradias passaram a ser adaptadas para receber melhorias e conforto, o que pode ser um dos indícios para o aumento da construção civil.

Outro motivo também está relacionado ao corte e reinvestimento de gastos. Ao passo que milhares de brasileiros perderam o emprego logo no primeiro trimestre de 2020 - 8,9 milhões de trabalhadores ficaram desempregados, de acordo com dados do Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) -, outra parcela considerável da população reestruturou as finanças e economias familiares, o que gerou, para essa parcela, maior renda ao final do ano.