Dentre os times brasileiros que foram agraciados com o patronato, o Palmeiras talvez seja o que tenha as melhores histórias de sucesso. Começando com os anos de Parmalat na década de 1990, que culminaram com o título da Copa Libertadores, e chegando aos tempos atuais, do (generoso) patrocínio da Crefisa, que geraram dois títulos do Campeonato Brasileiro e uma Copa do Brasil desde 2015, pouco se pode reclamar dos resultados atingidos durante essas parcerias.
O estranho é que mesmo sob esse cenário, ainda se tem a impressão de que falta algo a mais para o Palmeiras. E isso não apenas em relação a títulos, uma vez que a ausência de uma Copa Libertadores durante os anos recentes é mais que evidente, mas também de um trabalho em campo que apresente um futebol à altura do elenco que é um dos mais caros da América Latina em termos de valor de mercado e salários.
Quem chegou mais perto de realizar um trabalho assim foi Cuca, durante a campanha do Campeonato Brasileiro em 2016. O técnico já conhecido por inovadores ajustes táticos conseguiu extrair um bom futebol de seus jogadores. Com isso, o mesmo foi coroado com o título do torneio enquanto atingia as melhores marcas ofensivas (62 gols marcados) e defensivas (32 gols sofridos) do ano.
Campeão com o @Palmeiras e eleito o melhor treinador da minha edição de 2016. Atualmente, dirige o São Paulo! O "homem da calça vinho" completa 56 anos nesta sexta-feira! Parabéns, Cuca! pic.twitter.com/fZzG16U77f
Depois de Cuca, o veterano Luiz Felipe Scolari - que comandou o time durante a conquista da Libertadores em 1999 - mostrou que ainda não estava esgotado em sua profissão. Uma sequência de vitórias com defesa forte e ataque eficiente levou a equipe ao seu segundo título da Série A em três anos, um grande feito para quem se encontrava na segunda divisão apenas cinco anos antes.
Com isso, o Palmeiras surgiu como "favoritaço" aos títulos do ano tanto por comentaristas como pelas casas de apostas esportivas online. A seu favor contava não só a forma pela qual o Campeonato Brasileiro fora conquistado na temporada passada, mas também os já costumeiros reforços para o elenco feitos na janela de transferências e financiados pelo patrocínio da Crefisa.
Tais projeções não foram cumpridas. Felipão acabou mostrando hábitos que ele aparentava ter deixado para trás no ano anterior, com o time ficando cada vez mais engessado na parte ofensiva. Enquanto isso, defesa e meio-campo não rendiam tanto quanto antes.
Uma sequência de maus resultados trouxe o fim de mais uma passagem de Felipão pelo time. E, em uma situação em que o Palmeiras poderia optar pela inovação na escolha de substituição de um veterano, potencialmente dando chances a um novo técnico ou nome estrangeiro, a diretoria acabou escolhendo pelo que era conhecido. Assim, Mano Menezes - recém-saído do Cruzeiro, em situação quase simétrica à de Felipão - foi para as linhas laterais do alviverde.
No Cruzeiro, Mano Menezes teve um tremendo sucesso na Copa do Brasil, ganhando o título em 2017 e 2018, mas o futebol apresentado pelo seu time em campo, apesar de um elenco talentoso e ambicioso, não demonstrava sinais de que era possível passar para o nível que aspirasse voos mais altos.
O estranho é que no passado Mano tinha se mostrado um técnico disposto a usar ferramentas ofensivas quando ele tinha em mãos os jogadores necessários para tal. Foi assim que ele fez durante sua curta passagem pela Seleção Brasileira, entre 2010 e 2012, antes de ser substituído por Felipão, apesar de uma boa série de resultados antes de sua dispensa.
Esse lado menos conservador do técnico não foi mostrado no Cruzeiro. E, enquanto o Palmeiras tem um elenco com mais valores que o do time mineiro, Mano ainda carrega consigo essa pecha de técnico que preza muito mais pelo resultado do que por um futebol que seja atraente ao público mais exigente.
Quem sabe no Allianz Parque Mano reencontre sua forma promissora mostrada nos tempos de Seleção. Essa parece ser a sua vontade, se for atentar para o que o técnico tem enfatizado em seus treinamentos. Entretanto, se os resultados não forem bons o bastante, as chances de que o gaúcho volte a se "proteger" com retrancas são bem altas.