O Brasil já não ocupava um lugar muito confortável no ranking de liberdade de imprensa, mas agora, um levantamento divulgado ontem (18) pela organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF) mostra que a nação caiu três posições. Em uma lista de 180 países, o Brasil ocupa a 105ª posição no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa. Na edição anterior, divulgada no ano passado, o país estava em 102º lugar.
O relatório aponta que o mundo passa por um momento de uma "mecânica do medo". Os acontecimentos e a revelação deles, por mais idônea que seja a postura, mostra que o ódio aos jornalistas se transformou em violência, o que aumenta o temor entre os profissionais de imprensa.
O ranking divide o mapa de países em cinco cores. Mesmo naqueles que oferecem melhores condições aos jornalistas, os critérios de liberdade de imprensa caíram. No ano passado, 26% dos países analisados estavam classificados em situações "boa" ou "relativamente boa". Este ano, a proporção caiu para 24%.
Os países nórdicos são os que mais oferecem tranquilidade para a profissão. A Noruega se manteve na liderança da liberdade de imprensa, enquanto a Finlândia subiu duas posições e alcançou o segundo lugar, deixando a Suécia em terceiro. No total, 15 países são considerados com situação boa, com a cor branca no mapa. No ano passado eram 17.
Os países considerados em situação "difícil" e "muito grave", em preto, representam 40% do total, 1 ponto percentual a mais do que no ano passado. O Turcomenistão perdeu duas posições e chegou ao último lugar do ranking, antes ocupado pela Coreia do Norte, que ficou em penúltimo. Em 178º, está a Eritreia, e a China fica em 177º, devido ao alto controle estatal sobre as comunicações.
A Nicarágua perdeu 24 posições e ficou em 114º, após agressões, perseguições e prisões de jornalistas vistos como oponentes do regime do presidente Daniel Ortega. Na Venezuela, as represálias a jornalistas, detenção de profissionais estrangeiros e corte de sinal de emissoras críticas ao governo fizeram o país perder cinco posições, ficando em 148º lugar.
Segundo o diretor da RSF para a América Latina, Emmanuel Colombié, o Brasil está na pior posição desde que o ranking começou a ser publicado, em 2002. Ele cita o assassinato, no ano passado, de quatro jornalistas no país por causa do exercício da profissão. O Brasil fica atrás apenas do México, que registrou o assassinato de dez jornalistas no ano passado e ficou em 144º no ranking em termos de violência na região.