Crise energética na China e na cadeia de suprimentos: uma nova realidade mundial

Como dificuldades atuais do gigante asiático afetam economia global e impactam indústria brasileira


A crise de energia na China se reflete diretamente na nossa economia e pode ser mais uma trava ao PIB no Brasil. Os racionamentos que a segunda maior economia do mundo vive devem forçar a alta de preços e frear nosso crescimento, com reflexos no consumo de matérias-primas e na produção industrial.

A principal causa por trás dessa crise são os baixos estoques de carvão no país, que é o maior produtor e consumidor mundial do material - o carvão hoje é responsável por cerca de 70% da geração de eletricidade da China. Isso levou os preços do minério lá para cima e provocou uma alta nos preços de diversos insumos, impactando a produção de alumínio, aço, cimento e fertilizantes.

Fora isso, uma série de outros motivos contribuíram para o choque no fornecimento de energia na China.

  • Rígidas metas governamentais para cumprimento das metas de redução das emissões de carbono.

  • Desativação de minas de carvão, em razão da implementação de uma estrutura energética sustentável.

  • Aumento da demanda mundial, fruto da rápida recuperação das exportações pós-pandemia.

  • Consumo de energia recorde.

Todos estes fatores formaram a tempestade perfeita para a criação da crise energética no gigante asiático, resultando em apagões por todo o país.

Impactos globais

Os frequentes cortes de energia na China estão comprometendo a cadeia de suprimentos não só local, mas também de todo o mundo. Mesmo com um aumento considerável nos investimentos em matrizes de energia eólica e solar para atingir a neutralidade de carbono até 2060, não foi o suficiente para preencher essa lacuna energética.

A atual escassez de energia tem sido intensificada pelas fábricas a todo o vapor, que tentam atender à forte demanda global por produtos chineses, especialmente no setor de eletrônicos. Carvão em falta resulta em gás natural mais caro - a China tem utilizado o combustível na substituição do carvão, o que fez os preços deste recurso dispararem também.

Mas de que forma isso afeta indústrias brasileiras e ameaça a nossa retomada?

Reflexos no Brasil

Por aqui, a situação da China deverá impactar vários setores da economia: no agronegócio, que terá dificuldades para comprar fertilizantes; na mineração, que deverá enfrentar cotações internacionais em queda; e no setor de energia, que será impactado por preços recordes de gás natural, pressionando a inflação e prejudicando a balança comercial brasileira.

Afinal, carvão em falta significa gás natural mais caro. A China tem utilizado o combustível na substituição do carvão, o que fez os preços do insumo dispararem.

Além disso, um desaquecimento da economia chinesa, a maior parceira comercial do Brasil, deve reduzir as nossas exportações, desvalorizando ainda mais o real.

Em toda crise existe uma oportunidade

O cenário é uma oportunidade para que o Brasil eleve o valor agregado de suas exportações. Especialistas apontam que a desvalorização do real aumenta a competitividade das mercadorias brasileiras no exterior, e isso pode ajudar os empresários brasileiros na manutenção dos principais negócios.

Por outro lado, também demonstra a importância de as empresas comercializarem com outras economias, reduzindo a dependência a poucos compradores.

Não seria esta a hora de novas cadeias se formarem e, em vez de comprarmos chips da China, desenvolvermos a nossa própria indústria tecnológica ou nos focarmos no que fazemos de melhor? Todo mundo ganha - ou melhor, o mundo ganhará com isso.

Por mais que a crise energética da China e a importância dessa potência econômica no jogo dos negócios mundiais se traduzam na importação da inflação para todo o planeta, pode estar aqui a chance de ouro para economias emergentes como o Brasil se destacarem.

É como comprar Bitcoin: não existe país A ou B que detenha o poder sobre a criptomoeda. É um ativo descentralizado, que não depende de políticas locais ou mundiais nem de oscilações de bolsas e que tem apresentado altas recentes muito atraentes, superando a marca dos US$ 60 mil.