Em 2019, o comércio eletrônico do Brasil sofreu, em média, cerca de 3 mil tentativas de fraude por minuto, sendo que, a cada R$ 100 em compras realizadas via e-commerce, R$ 3,47 foram de origem fraudulenta. Apesar disso, o segmento conseguiu evitar a perda de R$ 1,9 bilhão com prejuízos causados por fraudes, em um crescimento de 36% em relação a 2018.
Os dados são do Mapa da Fraude da ClearSale, empresa especializada em soluções antifraude nos mais diversos segmentos. O documento é um levantamento completo, realizado anualmente pela companhia, com a análise de janeiro a dezembro de 2019, sobre as tentativas de fraudes no comércio eletrônico brasileiro.
Para o levantamento, mais de R$ 69 milhões em transações foram analisados, o que representa cerca de 153 milhões de pedidos, considerando aqueles com pagamento via cartão de crédito.
"O valor da compra é uma variável importante para determinar o risco da transação, uma vez que os pedidos fraudulentos costumam ter um valor maior que a média do e-commerce. Em 2019, o ticket médio dos pedidos suspeitos foi de cerca de R$ 1 mil", explica Omar Jarouche, diretor de solução da Clearsale.
"A maioria dos fraudadores busca produtos e serviços mais caros e até mesmo de luxo, pois não irá pagar por isso e consegue um retorno melhor na hora de revender o produto", analisa Jarouche.
Horário
Os fraudadores preferem os dias de semana para realizar os crimes. O dia mais visado pelos criminosos é terça-feira, que concentrou 17,43% do valor total das tentativas de fraude em 2019. Já domingo é o dia com o menor número de tentativas, com 8,19%.
O período que concentra a maior tentativa de fraudes é entre 12h e 23h, com 83%. A parte da manhã registra sozinha mais tentativas de fraude do que a noite e a madrugada juntas. Mais de 58% das tentativas de fraude aconteceram entre 6h e 17h59.
Categorias
Celulares, games e bebidas são tradicionalmente as categorias mais fraudadas. Isso ocorre pela facilidade de revender o produto posteriormente, tanto pela procura, como pelo preço e pela facilidade de transporte.
A compra de celulares concentra o maior registro de tentativa de fraude em 2019, com 8,73%, seguida por bebidas, com 8,04%, games, com 7,61%, e eletrônicos, com 4,33%. Os produtos mais visados são aqueles com maior facilidade de serem revendidos no mercado paralelo, como os smartphones, categoria que conta com lançamentos constantemente e alta demanda dos consumidores.
Em 2019, a fraude em bebidas cresceu, saindo de 5,10% para 8,04%. Games, que estavam em segundo lugar em 2018, agora ocupam o terceiro, mas as fraudes na categoria seguem crescentes, saindo de 6,36% em 2018 para 7,61% em 2019.
Regiões
Na comparação por regiões, o Norte é a que tem maior exposição a fraudes, com 6,58%. O Nordeste aparece em segundo, com 5%, seguido de Centro-Oeste, com 4,7%, Sudeste, com 3,2%, e Sul, com 1,9%.
Sazonalidade
Novembro, mês em que o comércio eletrônico tem um aumento exponencial das vendas por conta da Black Friday, aparece como o de menor exposição a fraudes. Em 2019, a cada R$ 100 em transações, apenas R$ 2,38 foram tentativas de fraude durante o período.
Entre as datas comemorativas, que têm reflexo no aumento de vendas no varejo, o Dia dos Namorados é a que apresenta mais tentativas de fraude, representando 4,56% do total de vendas. Em termos comparativos, o Natal apresentou 3,38% e a Black Friday, 1,06%.
"O Mapa da Fraude é importante para derrubar mitos que atrapalham o combate a fraudes, como, por exemplo, acreditar que a fraude no e-commerce acontece de maneira isolada, durante a madrugada ou em períodos de grandes promoções e aumento no volume de vendas. A fraude é um crime extremamente dinâmico, realizado por profissionais e de maneira cada vez mais sofisticada", analisa Jarouche.
Como o consumidor pode se proteger
Para não ser vítima de fraudes, o consumidor deve evitar realizar compras em sites suspeitos e preferir o cartão de crédito como forma de pagamento. Ao optar por esse método em vez de boleto ou transferência bancária, o cliente consegue contestar a cobrança junto ao banco, o que não é possível com os outros métodos. Além disso, outras dicas são válidas:
Pesquise a reputação da loja
Verifique o histórico da loja antes de fazer a compra. É possível realizar a busca no site do Procon, que disponibiliza uma lista das lojas que devem ser evitadas, ou ainda em sites que avaliam as lojas. Caso não existam avaliações da empresa na internet, o recomendado é evitar efetuar a compra e buscar outro site de confiança.
Procure a sigla 'https' em sites
Em sites com a sigla, a comunicação é criptografada, o que aumenta a segurança na transmissão dos dados. É importante também verificar se há um ícone com referência a um cadeado na parte inferior do navegador.
Desconfie de descontos muito altos
É comum que sites falsos tenham preços muito mais baixos para pagamento via boleto, pois nessa forma de pagamento é mais difícil para a vítima pedir o estorno.
Procure dados oficiais da empresa
Sites falsos normalmente não disponibilizam informações como CNPJ, endereço físico e contato. São ambientes criados única e exclusivamente para roubar dados que possibilitem, entre outras coisas, a efetivação da fraude de identidade.
Vale ressaltar que estes cuidados, embora pareçam muito simples, são extremamente importantes, pois nem sempre a fraude vem de ideias mirabolantes e sofisticadas. Assim como a maioria dos criminosos, os fraudadores buscam brechas e caminhos mais fáceis, fazendo com que consumidores atentos sejam alvos menos visados.