A região do grande ABC, que engloba as cidades de Santo André, São Bernardo e São Caetano, não passou por bons momentos nos últimos anos no mercado de venda de imóveis. Segundo dados da ACIGABC (Associação dos Construtores, Imobiliários e Administradores do Grande ABC), houve uma queda de 65% no número de lançamentos imobiliários em 2018. Mas, em 2019, o cenário é positivo para as incorporadoras, com um aquecimento até superior ao da capital paulista.
De acordo com o Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), a região tem se destacado das demais quando o assunto é venda e locação de imóveis. A pesquisa levou em conta 37 cidades, entre elas Santo André, São Bernardo, São Caetano, Osasco, Guarulhos e Diadema - as duas últimas aparecem juntas no levantamento. Juntas, elas respondem por 71,32% dos imóveis à venda e 41,96% pelas locações em fevereiro de 2019, na comparação com janeiro deste ano.
Para se ter uma ideia, na cidade de São Paulo, os índices foram de 14% e 1,01%, respectivamente. Os imóveis mais vendidos no estado são aqueles com valor de até R$ 300 mil (53,82% do total). A principal forma de pagamento é à vista, com 48,41% das respostas. Em seguida estão financiamentos (43,95%), e parcelamentos com o proprietário (6,37%). No Grande ABC, os imóveis até R$ 230 mil correspondem à faixa com maior número de vendas. Os motivos são as facilidades para adquirir essas casas à venda ou apartamentos.
Os imóveis que forem novos e estiverem nessa faixa de preço podem ser financiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, enquanto os imóveis usados podem ser financiados com o Fundo Garantidor de Crédito de Serviço (FGTS). Mas a procura por empreendimentos com outros valores também existe. "Tivemos uma reunião com a superintendência regional da Caixa que quer voltar ao mercado, e no caso dos imóveis de R$ 400 mil a R$ 1 milhão, o banco tem oferecido taxa de 8,16%, enquanto o varejo trabalha com taxas em torno de 9%", disse Magali dos Santos, delegada regional do Creci no ABC, em entrevista ao jornal "Repórter Diário".
O mercado para locação também está aquecido no grande ABC. De acordo com os dados do Creci, os imóveis mais alugados estão na faixa de R$ 800, com três cômodos e uma garagem, até empreendimentos de até R$ 1,2 mil, com dois dormitórios e vaga para carro, no caso de apartamento ou casa. O mecanismo de garantia mais utilizado é o fiador (49,07%), seguido de depósito de três meses do aluguel (21,08%), seguro de fiança (14,21%), caução de imóveis (13,39%), locação sem garantia (1,4%) e cessão fiduciária (0,85%).
Para aquecer ainda mais o mercado imobiliário, alguns municípios lançam mão de alguns artifícios. É o caso de São Bernardo do Campo, que reduziu a alíquota do Imposto sobre Transmissão "inter-vivos" de Bens Imóveis e de Direitos a eles relativos (ITBI) temporariamente de 2,5% para 1,5% entre 1º de julho e 30 de agosto. "Esta é uma ação de incentivo à regularização de imóveis e mais uma vantagem que a Administração está dando para os moradores da nossa cidade. Importante ressaltar que, após o término desse período, a alíquota volta ao normal. Por isso, queremos estimular a população a buscar a regulamentação de suas propriedades nestes meses", destacou o prefeito Orlando Morando (PSDB).