Presença de pets em lares brasileiros cresce 30%

Pandemia alavancou procura por animais de estimação, com número de adoções superando o de compras


De acordo com a pesquisa Radar Pet 2021, realizada pela Comissão de Animais de Companhia (COMAC), o isolamento social alavancou em 30% o número de pets em lares brasileiros, sendo que 23% das pessoas são "donos de primeira viagem", ou seja, adquiriram um bichinho pela primeira vez. As regiões Norte e Sul do Brasil ficaram em evidência, com destaque para os felinos, que representaram 84% das adoções.

Outro dado expressivo é que o número de adoções superou o de compras, com grande participação das ONGs dedicadas à adoção de animais de rua. O principal perfil dos novos tutores é de jovens que moram sozinhos, seguido por uma minoria de casais sem filhos. Acredita-se que a solidão provocada pelo isolamento social foi o principal motivo que levou tantas pessoas a adotarem pets, para mantê-los como suas companhias.

Na contramão, o número de abandonos ainda é muito alto. A mesma pesquisa aponta que, aproximadamente, dez milhões de animais foram abandonados nesse mesmo período, o que parece estar ligado a fatores econômicos e sociais. Foi observado que a maioria das novas adoções veio de pessoas de classe média alta, enquanto os abandonos ficaram concentrados nas classes mais baixas. O principal motivo seria o desemprego e a perda de poder aquisitivo - dois fatores que também estão diretamente relacionados com a pandemia.

Uma pesquisa realizada pela revista acadêmica Journal of Veterinary Behavior também reforça que os pets tiveram um papel decisivo no quadro de saúde mental dos seus donos. Foram entrevistadas 1.297 pessoas na Espanha, que já estavam confinadas há pelo menos três semanas. A pesquisa aponta que costuma levar dez dias para que uma pessoa em isolamento comece a apresentar consequências psicológicas negativas, mas 75% dos entrevistados garantiram que seus animais tiveram um papel decisivo ao ajudá-los a lidar com a quarentena.

A pesquisa também aponta que gatos têm mais facilidade de lidar com o isolamento do que cães. 37% dos entrevistados, que tinham cachorros de raças variadas, indo desde Rottweiler até Dachshund, afirmaram que seus pets adotaram um comportamento anormal durante o período. Isso pode ter sido influenciado pela falta de passeios, já que o isolamento também proibia os donos de levarem seus animais para passear.

Apesar da marca positiva, o que realmente preocupa as ONGs brasileiras é o número de devoluções e abandonos, que continua alto e apresenta grandes chances de crescer ainda mais após o fim da pandemia.