Uma iniciativa inédita no Estado de São Paulo começou a ser colocada em prática em duas unidades prisionais do Vale do Paraíba. Reeducandos do regime semiaberto estão trabalhando em um canil e um gatil construídos no perímetro prisional, mas longe do espaço da carceragem, para abrigar os animais domésticos em situação de rua da cidade de Taubaté.
Trata-se de uma parceria entre a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), a 1ª Vara de Execuções Criminais (VEC) da Comarca de Taubaté, o Conselho da Comunidade de Taubaté e a Prefeitura Municipal de Taubaté.
Os abrigos
Um canil com capacidade para abrigar 200 cães foi construído na Penitenciária "Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra", a P1 de Tremembé. Já o Centro de Detenção Provisória "Dr. Félix Nobre de Campos", o CDP de Taubaté, dispõe agora de um gatil com capacidade para comportar até 50 gatos.
Ambos os abrigos contam com espaços coletivos e individuais, áreas para vacinação, banho, tosa e depósito de materiais.
O objetivo é o de oferecer apoio ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) taubateano e, ao mesmo tempo, proporcionar a ressocialização dos internos por meio do contato e cuidado com os animais.
Segundo o prefeito de Taubaté, José Bernardo Ortiz Junior, já é possível perceber os reflexos positivos da parceria na administração da cidade. "O projeto ajuda a desafogar a demanda do CCZ", explica Ortiz. "Já retiramos cães e gatos que eram abrigados pelo órgão e outros animais ainda serão enviados até o final deste ano", completa.
Com o apoio da Prefeitura e do Conselho da Comunidade, os detentos passam por curso de banho e tosa e aprendem técnicas nos cuidados dos bichos, que serão vacinados, vermifugados e castrados e estarão disponíveis para adoção em feiras organizadas com entidades parceiras.
Os reeducandos da P1 de Tremembé participaram de uma palestra sobre comunicação e comportamento dos animais com uma profissional de medicina veterinária na última segunda-feira, dia 23. O encontro faz parte de uma série de atividades para preparar os presos que atuam no canil da unidade, que, desde o mês de agosto, tornou-se o lar provisório de cerca de 30 cães.
Ressocialização
As atividades contemplam 12 reeducandos no manejo dos animais nos dois presídios envolvidos com o projeto. Os sinais de melhora na saúde emocional são percebidos tantos nos cães e gatos como nos presos. O diretor do CDP de Taubaté, Claudio José do Nascimento Brás, acredita que existe uma troca positiva muito grande entre os reeducandos e os animais.
"Alguns dos felinos abrigados no gatil já estavam nos arredores do presídio, mas eram agressivos, arredios e não interagiam com as pessoas. Agora, sob os cuidados dos detentos, já estão mais dóceis, menos agitados e aceitando a presença humana com mais naturalidade", avalia o diretor, que destaca uma mudança visível no comportamento dos internos. "Até mesmo os presos que trabalham em outras frentes na unidade demonstram afeto pelos animais", reflete.