A trajetória de Eunice Paiva, símbolo da luta por memória e justiça no Brasil, foi eternizada em selo postal dos Correios. A homenagem foi lançada nesta quarta-feira (21), durante a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Cultural, realizada pelo Ministério da Cultura (MinC), no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou do lançamento da peça filatélica.
A história de Eunice Paiva ganhou projeção internacional por meio do filme "Ainda Estou Aqui", vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025. A obra retrata a busca de Eunice por informações sobre seu marido, o deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura militar. O longa é inspirado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho do casal.
A obliteração do selo foi feita por Marcelo Rubens Paiva e por seu filho, Joaquim Paiva. Ambos receberam um álbum com a peça lançada das mãos do presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos. A atriz Fernanda Torres, que interpretou Eunice no filme, e o cineasta Walter Salles também foram agraciados com exemplares do selo.
"Marcelo contou a história de tantas mulheres brasileiras órfãs de maridos, filhos e filhas, mas que não se deixaram vencer pela tirania", destacou o presidente Lula, durante o evento. Já o presidente dos Correios afirmou que "reconhecer a responsabilidade dessa grande mulher por jogar luz no obscurantismo desse período truculento da história nacional é uma necessidade."
O selo traz uma fotografia em preto e branco de Eunice Paiva sorrindo, rodeada por três pombas brancas, símbolo da paz. Ao lado esquerdo, aparece seu nome grafado na cor branca. A imagem faz parte do acervo da família.
A homenagem também celebra os 40 anos do Ministério da Cultura. Um segundo selo, em comemoração à data, foi lançado durante a mesma cerimônia. A obliteração foi feita pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, e pelo presidente Lula. "Os saudosos do autoritarismo tentaram matar o MinC, mas o MinC está de volta", disse o presidente.
História de luta e legado
Eunice Paiva teve papel central na pressão por respostas sobre o desaparecimento do marido, preso, torturado e morto no DOI-CODI, no Rio de Janeiro, em 1971. Ela foi uma das principais responsáveis pela aprovação da Lei 9.140/95, que reconheceu como mortas pessoas desaparecidas por motivos políticos durante a ditadura.
Em 1996, após 25 anos de buscas, Eunice conseguiu que o Estado brasileiro emitisse oficialmente o atestado de óbito de Rubens Paiva.
Advogada de formação, Eunice também se destacou como uma das poucas especialistas em direito indígena no Brasil. Foi consultora da Assembleia Nacional Constituinte de 1988, contribuindo diretamente com a redação da Constituição Federal.
Selos à venda
As peças filatélicas lançadas, tanto a de Eunice Paiva quanto a dos 40 anos do Ministério da Cultura, estão disponíveis nas agências dos Correios e na loja on-line da estatal: www.correios.com.br.