Não tomar a 2ª dose da vacina contra covid-19 atrapalha na imunização e o controle da doença

Dr. Euclides Matheucci, diretor científico da DNA Consult, explica a importância de tomar a 2ª dose


Foi anunciado nesta semana, pelo Ministério da Saúde, que mais de 1,5 milhão de brasileiros que contemplam o grupo prioritário do Programa de Imunização Nacional (PNI), ainda não compareceram aos pontos de vacinação para tomarem a segunda dose da vacina contra covid-19.

Com esses indicadores e o atraso na vacinação como um todo, em comparação a outros países, o Brasil parece estar cada vez mais distante de um plano de imunização efetivo e o consequente controle da pandemia.

O Prof. Dr. Euclides Matheucci, diretor científico da DNA Consult, alerta que a vacinação é a forma mais efetiva de conter a disseminação do vírus, somada às normas de restrição e uso de máscara.

"Algumas pessoas foram infectadas mais de uma vez pelo coronavírus e a chance disso ocorrer é muito maior com as variantes que circulam pelo país. Os atrasos na segunda dose atrapalham o plano de contenção do vírus, já que a imunização não é eficaz quando se toma apenas uma dose de vacinas que demandam duas aplicações", explica Matheucci.

Em relação à variante P1, identificada em Manaus, o especialista adverte sobre o seu maior poder de propagação e infecção.

"A variante P1 é muito mais infecciosa do que as outras variantes. Ela possui 17 mutações no genoma do vírus, sendo que 3 dessas mutações estão justamente na proteína Spike, que conecta o vírus à célula humana, facilitando a infecção nas pessoas. Além disso, estudos estão demonstrando que a variante P1 consegue afetar e causar problemas sérios em pessoas mais jovens", completa.

"Um dos grandes problemas no país hoje com essa pandemia que tem atingido níveis descontrolados é que quanto mais pessoas são infectadas, mais o vírus se prolifera e cada vez que o vírus se prolifera dentro de uma célula, ele acumula mutações. Essas mutações podem ser benéficas para o vírus tornando-o mais forte, como no caso da P1. Existe o risco ainda de surgirem mutações que se sobrepõem às vacinas, reinfectando pessoas que já têm anticorpos. Por isso é tão importante acelerar o processo de vacinação", finaliza Matheucci.