São Paulo: o jardim de flores do planeta

Estado é responsável por mais da metade da produção brasileira em um mercado em que o país é um dos líderes mundiais


Tudo começou há 112 anos, quando os Dierberger começaram a produzir flores para vender na doceria que a família tinha em São Paulo. Desde então, o estado se tornou não apenas o maior produtor do país, mas também um imenso consumidor. A expansão foi alimentada principalmente pela cidade de Holambra, no interior paulista, que se especializou no ramo e hoje é a base desse mercado no Brasil. 

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a produção paulista se concentra em 20 cidades: além de Holambra, outros centros importantes do setor são Campinas e Atibaia, que, juntos, correspondem a 60% da produção brasileira de flores. 

Uma floricultura em São Paulo, porém, nunca fica com excesso de ramos ou buquês: o estado é também responsável por 40% do consumo nacional – e só a capital é responsável por 25% desse volume. O que os paulistas não consomem é exportado via portos do Paraná. No mercado internacional, os Estados Unidos são os principais compradores. 

De acordo com o sindicato dos floricultores de São Paulo (Sindiflores), anualmente, o país inteiro colhe 285 milhões de hastes de flor por ano, movimentando grandes remessas de dinheiro. Dados da Hórtica Consultoria mostram que o mercado de flores e plantas ornamentais mobilizou um total de R$ 6,5 bilhões no ano passado no país – um crescimento de 6% em relação a 2015. “É um desempenho econômico favorável a despeito do contexto de crise financeira que atinge o país”, diz o Sindiflores. 

As flores cortadas no Brasil representam 29% do mercado mundial, o que coloca o país como um player importante do setor no capitalismo internacional. Só em relação às rosas – uma das flores mais produzidas e vendidas em território nacional –, a produção brasileira é responsável por 30% de todo o comércio global. 

De acordo com estatísticas do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibrafor), no caso de São Paulo, 67% de tudo o que o Brasil exporta sai do estado. A produção de flores paulista envolve cerca de cinco mil pessoas, incluindo desde pequenos empresários até profissionais especializados da área.

Além do comércio entre países, cresceu nos últimos anos o número de pequenos produtores vendendo flores em leilões pela internet. Por meio dela, os brasileiros oferecem informações de quantidade, qualidade, preço e entrega das mercadorias, enquanto os clientes ganham mais opções de escolha e de pagamento. De acordo com o Sebrae, essa modalidade de troca comercial se liga principalmente aos holandeses, maiores exportadores de flores do mundo.Rosas paulistas

Dentro do sucesso no ramo de flores, São Paulo supera capitais como Rio de Janeiro e Brasília em consumo e entrega de rosas. De acordo com a Isabela Flores, uma das maiores empresas do ramo nacional, foram vendidas 540 hastes da flor na cidade até o mês de agosto. O Rio consumiu 430 cabos no mesmo período.

“Dar rosas é uma característica brasileira. Elas sempre estão entre os quatro produtos mais vendidos no país, sejam buquês pequenos ou alguns maiores com caixas de bombons”, explica o diretor de marketing da empresa, Lucas Buffo. “São Paulo, porém, é o principal mercado, tanto em consumo quanto em entrega”, complementa.

A capital paulista também possui uma característica distinta das demais: enquanto pessoas de outras cidades grandes do país costumam comprar buquês de rosas para enviá-las a outros municípios, geralmente localizados no interior ou no litoral, os paulistanos são os que mais consomem e mais entregam dentro da própria cidade. 

“A gente percebe que, se uma pessoa está em Belo Horizonte e compra rosas pela internet, ela deseja entregá-las em alguma cidade mais distante, justamente porque não pode dar pessoalmente. Em São Paulo, porém, a pessoa compra e manda entregar aqui mesmo”, diz Buffo. 

“Acreditamos que isso se explique pela pressa que faz parte da vida da metrópole: as pessoas não têm tempo para passar em uma floricultura, comprar a flor e entregar para a pessoa amada”, completa ele. 

O mesmo acontece em direção às capitais: quem está fora delas, costuma enviar flores para pessoas que vivem nas cidades maiores. São Paulo, porém, é um mercado que funciona por si mesmo: até os moradores do interior e de outros municípios do país compram flores no site da empresa para entregá-las na metrópole paulistana.Escrever Noticia.