Quando ingressou no Projeto Guri, na época aos 14 anos, Larissa Finocchiaro não imaginava que um dia integraria a mais famosa companhia circense do mundo. Natural de São Bernardo do Campo, no Grande ABC, a jovem cantora e compositora, hoje, aos 30 anos, faz parte da equipe internacional de OVO, espetáculo do Cirque du Soleil atualmente em turnê pelo mundo.
"Soube, por intermédio de uma amiga, que a companhia estava em busca de uma cantora brasileira para integrar o espetáculo. Decidi participar de uma audição à distância (que envolveu gravação de vídeos de músicas do espetáculo e outros materiais). Poucas semanas depois, recebi a notícia de que havia sido selecionada", afirma Larissa, que cursou as aulas de violino e canto coral no Guri.
Sua estreia no espetáculo foi justamente com o início da turnê pelo Brasil, realizada em março deste ano. "Foi uma imensa honra começar cantando no meu próprio país e ter a chance de apresentar canções em português", descreve. O OVO, dirigido pela coreógrafa brasileira Deborah Colker, tem o objetivo de levar elementos brasileiros ao mundo.
"Participar do Cirque du Soleil tem sido uma experiência muito positiva e que terá um grande impacto em minha vida. Tudo graças ao estudo. São mais de 16 nacionalidades convivendo e trocando experiências e isso tem contribuído para o meu crescimento como pessoa e como artista", acrescenta.
Paixão pela música desde a infância
Larissa teve contato com a música ainda pequena. Em casa, seus pais e sua irmã, aproveitavam as reuniões familiares para fazer o que mais gostavam: tocar canções da MPB no violão. No entanto, foi no Projeto Guri - maior programa sociocultural brasileiro, mantido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo - que ela obteve as primeiras noções de teoria musical e de percepção, estudou partituras, entrou em contato com o repertório clássico e aprendeu arranjos para orquestra.
"A música transformou minha vida em muitos sentidos. Nela, encontrei uma forma de me expressar, de criar e, também, de mobilizar emoções em mim e nas pessoas", afirma. "Quando participei do Guri, fiz parte da Orquestra e do Coral, o que me ajudou a aprender a estar em grupo, a ter responsabilidade com os ensaios e com os repertórios que fazíamos", recorda a musicista.
Na época em que participou do programa, a jovem tocou com as Choronas, no Museu da Casa Brasileira, participou do espetáculo Os Saltimbancos, realizou apresentações na Sala São Paulo, e se envolveu em inúmeros eventos que foram importantes para o seu desenvolvimento na música.
"Por intermédio do Projeto Guri conheci três artistas (Caio Merseguel, Victor Merseguel e Vanessa Moreno) que foram meus parceiros musicais no grupo vocal Karallargá. Nos conectamos como compositores contemporâneos e gravamos um disco inteiramente produzido por nós", comenta Larissa.
Vida pós-Guri
Paralelamente à música, a jovem chegou a estudar psicologia e saúde coletiva. Também se formou em Licenciatura em Música pela Universidade Federal de São Carlos e em Canto Popular pelo Conservatório de Tatuí. Em 2018, a artista lançou seu disco solo chamado "Carta ao XXI" e publicou um livro de poesias intitulado "Que a Gente Esteja Vivo Para Ver".
Para o futuro, Larissa almeja mobilizar caminhos para que suas produções alcancem um número ainda maior de pessoas. "Quero seguir no espetáculo enquanto estiver em turnê. No entanto, pretendo produzir outros discos, gravar clipes de algumas canções do "Carta ao XXI" e explorar outras formações musicais que ampliem as possibilidades da voz como instrumento", conclui a cantora.