Sindpesp Aponta Necessidade de Melhorias Salariais e de Carreira para Delegados de SP

Muitos profissionais estão deixando o cargo, devido aos baixos salários e à falta de um plano de progressão atrativo para a carreira, segundo o Sindpesp.


A recente contratação de 305 novos delegados de Polícia pelo governo paulista, para atuar em diversas regiões do estado, traz algum alívio, mas ainda é insuficiente para recompor o déficit da instituição e, principalmente, para conter a perda de profissionais que deixam a função devido aos baixos salários e à falta de um plano de progressão atrativo para a carreira. O alerta é do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).

Apesar das recentes admissões, em setembro deste ano, 767 vagas para delegado estavam em aberto no estado, segundo dados do Sindpesp. A presidente do Sindicato, delegada Jacqueline Valadares, teme que as desistências nas diversas funções da Polícia Civil se acentuem nos próximos meses.

"As contratações, em número expressivo, são mais do que bem-vindas para a Polícia Civil. Dos 353 novos delegados nomeados, 305 concluíram o curso e foram designados para Delegacias de todo o estado, que, aliás, há tempos estavam desfalcadas. Outros, embora nomeados, desistiram da formação para seguir diferentes caminhos, carreiras ou, até mesmo, atuar em estados que oferecem melhores condições de trabalho e remuneração", destaca Jacqueline.

Diversos fatores contribuem para essa situação, de acordo com Jacqueline. São Paulo, campeão de arrecadação de tributos e estado mais rico do País, é o 22º no ranking dos subsídios pagos aos seus delegados. "Pesa, ainda, para a evasão constante do quadro de Recursos Humanos da Polícia Civil, o péssimo plano de progressão na carreira. A maioria dos delegados se aposenta sem conseguir chegar à classe especial, ou seja, ao topo, após uma vida inteira dedicada à Segurança Pública", explica.

Para a presidente do Sindpesp, chegou a hora de o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), apresentar um plano de reestruturação salarial e de progressão na carreira, a fim de estimular a admissão de novos delegados e a permanência dos efetivos. "Sem isso, novas nomeações, como as dos 305 novos delegados, que ocorreram há poucos dias, serão apenas paliativas", alerta.

Jacqueline lembra que a perda constante de profissionais impacta diretamente na eficiência das investigações e incentiva a sensação de impunidade. "A valorização dos profissionais da Polícia Civil é fundamental para atrair mais talentos, reduzir a sobrecarga dos agentes em atividade e garantir uma resposta rápida e eficaz à sociedade", frisa a delegada.

Defasômetro


Dos 41.912 cargos em funções diversas da Polícia Civil bandeirante, apenas 27.323 estavam ocupados em setembro deste ano, resultando em 14.589 vagas em aberto, segundo o Defasômetro do Sindpesp. Mesmo com a nomeação de 4.017 novos agentes em maio de 2024, a instituição segue enfrentando constante debandada de profissionais. Dois meses atrás, 132 policiais pediram baixa, o que, para a presidente do Sindicato, é preocupante.

"Se as saídas continuarem neste ritmo, até o final de 2026 poderemos ter quase 4 mil policiais civis a menos, anulando, assim, a eficiência dos recentes concursos, treinamentos e nomeações", enfatiza Jacqueline.