Jornais do exterior não creem na volta da esquerda brasileira ao poder

O resultado do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil é destaque nos principais jornais do mundo hoje (8)


O jornal mexicano La Jornada destaca a “distância confortável” que Bolsonaro teve em relação a Haddad. Segundo o jornal, “será difícil para a esquerda reverter o resultado na eleição presidencial.” O La Jornada aponta as várias surpresas negativas para a esquerda durante o pleito, citando as derrotas para o Senado do veterano Eduardo Suplicy, por São Paulo e, em Minas Gerais, da ex-presidente Dilma Rousseff.

Entre os nossos vizinhos sul-americanos, o tradicional jornal argentino Clarín, de Buenos Aires, estampa a manchete “Jair Bolsonaro varre o Brasil e fica com ampla vantagem para a votação com Fernando Haddad”. O jornal destaca que o ex-capitão do Exército fechou a contagem nas urnas com uma diferença de quase 17 pontos sobre seu opositor, o que pode revelar uma tendência sobre o segundo turno.

Mais distantes, as manchetes que ocuparam espaços privilegiados nas primeiras páginas dos jornais de todo o mundo destacam a grande onda de conservadorismo no eleitorado brasileiro, que garantiu no segundo turno um candidato evangélico nem um pouco disposto a falar frases que agradam a opinião pública. A imprensa internacional ressaltou a surpresa com a conquista de Jair Bolsonaro (PSL), que obteve quase metade dos votos entre os eleitores.

O tom usado pelo Washington Post foi o de um “choque” de grande parte dos brasileiros na velha política, a ponto de renovar boa parte da Câmara dos Deputados e cerca de 85% do Senado. A reportagem destaca que a campanha de Bolsonaro dividiu a maior nação da América Latina ao longo de linhas raciais e de gênero e lembrou que, muitas vezes, o candidato do PSL é comparado ao presidente norte-americano Donald Trump.

Na visão do The New York Times, Bolsonaro vai de encontro a tudo o que se praticava na antiga política. O NYT cita que o brasileiro procurava um nome para o combate à criminalidade e corrupção e se cansou dos modelos já existentes a ponto de preferir “o candidato de extrema direita que falou com carinho da antiga ditadura militar do Brasil e teceu comentários ofensivos sobre mulheres, negros e gays...".

Já a emissora pública BBC, do Reino Unido, pegou um pouco mais leve e estampou em sua página na internet a disputa, em segundo turno, entre Bolsonaro e Fernando Haddad, marcada para 28 de outubro.

O jornal português Diário de Notícias mostra um “Brasil partido ao meio” e destaca que faltou pouco para o candidato Jair Bolsonaro vencer em primeiro turno. O jornal Público também estampou que o Brasil deixou Bolsonaro com um pé na presidência.

O francês Le Monde distribuiu por Paris e por toda a França sua edição onde descreve a conquista da maior parte dos votos pelo candidato “nostálgico da ditadura militar, às vezes rude, racista ou homofóbico”. Lembra, ainda, o momento em que os holofotes da política se viraram para Bolsonaro, durante a sessão no Congresso, em abril de 2016, quando, ao votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT) ,dedicou sua escolha "em memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra", acusado de ser um dos torturadores da ditadura militar.

O El País, da Espanha, reservou o maior espaço ao assunto entre todas as publicações, classificando o resultado como uma “onda conservadora que tomou o país e garantiu ampla vantagem a Bolsonaro no segundo turno para se tornar o próximo presidente do Brasil.” A publicação ressalta a polarização aguda entre os presidenciáveis, comparando com “água e óleo” e considera o pleito como uma das eleições mais emocionantes da história democrática.

O jornal espanhol também traz manchetes com o posicionamento da região Nordeste, “a barricada do PT” e as perdas do partido de esquerda como a derrota de Dilma Rousseff ao Senado por Minas Gerais.

O inglês The Times mostrou que “o Brasil chegou perto de eleger um presidente de extrema direita” revelando uma onda de apoio ao populista, considerado a resposta da América Latina a Donald Trump”.

Também da Inglaterra, o The Guardian lembra que Bolsonaro venceu em número de votos, mas não teve ainda a vitória e comparou a campanha “improvável e eletrizante do candidato de extrema-direita a “qualquer telenovela brasileira”.

O italiano L`Opinione e, na Alemanha, a Deutsche Welle (DW), lembraram que o Brasil terá que definir o futuro presidente em um segundo turno e destacaram os percentuais de votos dos dois presidenciáveis.


Com informações da Agência Brasil