Os trabalhadores e trabalhadoras na LG percorreram ruas e avenidas de Taubaté em carreata na manhã desta sexta-feira (16). O protesto foi contra o encerramento da produção de celulares, notebooks e monitores na planta. O ato também buscou alertar a cidade sobre osimpactos que as demissões podem provocar na economia.
A concentração da carreata teve início às 7h30, em frente à LG, com a adesivagem. Cerca de 200 veículos, entre carros e motos, participaram da mobilização. O comboio puxado pelo caminhão de som do Sindmetau (Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região) saiu da fábrica pouco antes das 9h.
A carreata percorreu um trajeto de 18 quilômetros pela região do Independência, praça Santa Teresinha e Centro, retornando depois para fábrica. O presidente do Sindimetau, Claudio Batista, destacou a importância da carreata para luta dos trabalhadores na LG.
"Contamos com uma participação massiva dos trabalhadores. A sociedade nos acolheu pelas ruas e isso mostra que a cidade está sensível e alerta a tudo que está acontecendo com os trabalhadores na LG e com o país", aponta Claudio.
Segundo Camila Martins, diretora sindical na LG, a carreata também é uma maneira dos trabalhadores mostrarem toda indignação com a postura da LG. "A carreata é para mostrar nosso repúdio contra a LG diante dessa situação. Os funcionários têm se dedicado 100% nessa mobilização, mantendo a vigília 24 horas na porta da fábrica", afirma.
A vigília foi iniciada na última segunda-feira (12), quando os trabalhadores aprovaram a greve na fábrica. Ana Glaucia Marcondes, que trabalha há 13 anos na LG, é uma das trabalhadoras que está participando da mobilização.
"Estamos muito indignados porque demos o sangue por essa empresa. Eu tenho várias sequelas de doenças ocupacionais do trabalho. Queremos uma proposta justa e mais consideração e respeito da empresa", explica.
Entenda o caso Em janeiro deste ano começaram a circular informações no mercado e na imprensa sul-coreana sobre uma possível venda da divisão de celulares da LG. O Sindicato acionou a empresa, mas recebeu ofícios com respostas evasivas. Um pedido de reunião com o presidente da LG também não foi atendido.
Diante do cenário de incertezas, em 26 de março, os trabalhadores aprovaram o estado de greve. No dia 5 de abril, a fabricante sul-coreana disparou um comunicado onde informava o encerramento global da divisão de celulares, alegando que a área acumulava um prejuízo de 4,1 bilhões de dólares.
No dia seguinte, em reunião com o Sindicato, aempresa informou que pretende levar a linha de notebooks e celulares de Taubaté para Manaus. A LG alega que na capital do Amazonas terá incentivos fiscais, o que não ocorre no estado de São Paulo.
Após reuniões com o Sindicato, a empresa apresentou uma proposta de indenização aos trabalhadores. Mas o pacote foi rejeitado em assembleia no dia 12 abril. Os funcionários aprovaram então umagreve por tempo indeterminado.