Morreu neste sábado (20) a professora de geografia Maria Teresa Miguel Couto, de 32 anos, com suspeita de Covid-19. Ela atuava em Caçapava na escola Ministro José de Moura Rezende, que atende alunos dos ensinos fundamental e médio em período integral, além da EJA (Educação de Jovens e Adultos).
A professora, que estava afastada, foi internada com sintomas da doença e chegou a precisar usar oxigênio, por dificuldades na respiração.
Em uma rede social Maria Teresa escreveu no último dia 12 de fevereiro sobre a doença. "Sobre essa Pandemia...Tomem cuidado gente, isso não é brincadeira não. Num dia a gente tá bem e no outro não tá mais! Se cuidem, usem máscara e que Deus nos proteja até ter vacina pra todos! Não é só uma gripezinha!", publicou.
O sepultamento deve acontecer neste domingo (21) em Cachoeira Paulista, onde ela nasceu.
Casos de Covid-19
No último dia 15 de fevereiro, o Agora Vale noticiou com exclusividade que a escola Ministro José de Moura Rezende dispensou alunos após uma professora testar positivo para a Covid-19. Outros dois professores estavam com suspeita da doença. A professora que testou positivo continua afastada tratando a doença em casa. Outro professor, com suspeita da doença, também continua afastado. Apenas a professora Maria Teresa acabou morrendo.
Alunos prestam homenagens
Nas redes sociais, colegas de trabalho e alunos lamentam o falecimento da docente. "Descanse em paz querida professora. Só boas lembranças das suas aulas. Muito triste", disse uma aluna. "Vai fazer falta aqui, professora", escreveu outro aluno.
Nota da Secretaria da Educação
Em nota, a Secretaria da Educação respondeu que todos os casos suspeitos e confirmados são acompanhados e seguem os protocolos da Vigilância Sanitária do município. Disse também que as atividades da escola Ministro José de Moura Rezende vão acontecer de forma remota.
Professores pedem decreto municipal para suspensão de aulas por tempo indeterminado
Com a morte da professora Maria Teresa, vários professores de Caçapava estão com medo de possível contaminação em ambiente escolar. "Estamos apreensivos com tudo isso. Não podemos colocar nossas vidas e a vida do aluno em risco. O governo precisa entender que estamos numa situação gravíssima", disse uma professora que prefere não se identificar por medo de represália. "O questionamento é na prefeitura, no setor de educação, quantos professores mais deverão ser contaminados e mortos para que fechem escolas do nosso município?", escreveu outra professora numa rede social.
O que diz o sindicato dos professores?
De acordo com Silvio Prado, diretor estadual da Apeoesp, sindicato que representa os professores, as aulas precisam ser suspensas por tempo indeterminado. "São vidas de toda a comunidade escolar que estão sendo colocadas em risco. Não há vacinação em massa para a população, nem para professores, nem para a comunidade escolar. Fazer suspensão por quatro dias em qualquer escola não é a solução. É necessário impedir que a escola continue sendo centro de propagação do vírus", disse.
Pressão nas escolas
Ainda conforme Silvio Prado, existe uma pressão contra os professores. "Temos que deixar claro que existe uma pressão das diretorias regionais, dos diretores de escolas, da Secretaria de Educação, sobre toda a rede de ensino para que se crie um clima de normalidade mesmo havendo mortes. Precisa denunciar publicamente o que se passa nas escolas. Professores temendo perder empregos e outras consequências, até ocultam o que está acontecendo", revelou.
Sobre possibilidade de decreto municipal
Procurada, a Prefeitura de Caçapava não retornou até o momento da atualização do texto.