Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicado no periódico de medicina JAMA Network Open aponta que homens com baixos níveis de testosterona são mais vulneráveis à ação do Covid-19, tendo mais chances de desenvolver um quadro grave da doença. A pesquisa constatou que a maior parte dos homens internados apresentava uma quantidade abaixo do normal deste hormônio, que continua a cair conforme a infecção evolui.
Até o momento, não se sabe se o vírus contribui com essa queda de testosterona ou se essa reação é consequência da menor concentração do hormônio, mas já é possível traçar um paralelo entre os óbitos e essa condição. Todo homem sofre uma diminuição na produção de testosterona entre os 40 e os 55 anos de idade, um processo natural do corpo conhecido como andropausa. Coincidentemente, os pacientes que já entraram ou estão próximos da terceira idade se encaixam no grupo de risco da doença, então esse pode ser um dos motivos.
A pesquisa foi realizada com amostras de sangue de pacientes do hospital Barnes-Jewish, localizado em St. Louis, nos EUA. Ao todo, foram 90 homens e 62 mulheres com idade média de 63 anos, ou seja, que se enquadram no grupo de risco. Todos ficaram internados por períodos diferentes e, através da coleta do seu sangue, os pesquisadores conseguiram analisar a queda de testosterona ao longo da internação. Mulheres também produzem esse hormônio, porém não foi observada nenhuma relação entre a quantidade e a gravidade do quadro clínico das que foram analisadas.
Dos 90 homens internados, 66 apresentaram quadros graves e seus níveis de testosterona chegaram a ficar até 85% abaixo dos demais, que desenvolveram um quadro moderado. Todos estavam com menos que o ideal (acima de 250 ng/dl para um homem adulto), mas a média dos pacientes com os piores casos ficou em 52 ng/dl, uma quantidade baixíssima. Os pesquisadores também apontaram que outros fatores como idade, sobrepeso e comorbidades (hipertensão, diabetes, glicemia, etc.) não interferiram no agravamento da infecção.
O estudo pode auxiliar no combate ao Covid-19 e também no processo de vacinação, definindo um novo grupo prioritário que os países deverão adotar na fila da vacina. Atualmente, cientistas e profissionais da faculdade de farmácia já estão pesquisando e produzindo novas variações de soros. Estudos como esse fornecem informações importantes para que seja possível desenvolver uma vacina que atenda melhor às necessidades de todos.