Movimento Slow Food prioriza a experiência de uma alimentação nutritiva

Filosofia defende uma gastronomia capaz de retomar o cuidado e a consciência na escolha dos alimentos, no preparo e na degustação


O mundo moderno é marcado pela urgência para realizar tarefas e compromissos. A pressa, tão determinante desta época, impactou o modo como as pessoas comem, e os restaurantes e a comida "fast food" são representativos desse contexto. Diante da vontade de ter refeições preparadas em menos de cinco minutos, o excesso de ultraprocessados, sal, açúcar e gorduras passou a ser predominante no prato.

Com dietas cada vez mais empobrecidas de nutrientes e ricas em substâncias que em médio e longo prazo prejudicam a saúde, surgiu a necessidade de se pensar uma outra maneira de encarar a alimentação. O movimento Slow Food se tornou uma das principais alternativas para quem procura experiências gastronômicas prazerosas e nutritivas.

O que é o Slow Food?

Sendo "comida lenta", em tradução literal do termo, é comum que se confunda o movimento com o simples ato de dispor de mais tempo para degustar um preparo. Na verdade, a filosofia, criada em 1986 por Carlo Petrini, na Itália, preconiza cuidados profundos que consideram três princípios fundamentais do alimento: se ele é bom, limpo e justo. 

Para ser considerado bom, deve-se ter preservado a naturalidade, ou seja, ter o mínimo de processamento possível. Um produto limpo é aquele cultivado de maneira sustentável, com manejo ecológico dos recursos ambientais e sem uso de aditivos químicos, como os agrotóxicos. Por fim, o alimento justo garante a devida valorização e remuneração aos produtores responsáveis pelo cultivo e pela comercialização dos produtos.

Adaptar a rotina alimentar

Praticar o Slow Food exige apenas uma mudança na escolha de prioridades - o que não significa ser fácil ou simples, mas é fato que decidir construir uma relação saudável com a comida proporciona benefícios de diferentes níveis. O principal deles é a manutenção do equilíbrio e da qualidade de vida. 

Desacelerar a ponto de poder escolher os ingredientes frescos e cozinhar um cardápio agradável ao paladar desperta uma poderosa sensação de prazer e conexão com a comida. Assim, o pragmatismo do "comer" cede espaço para o "experienciar" e "nutrir". O tempo dedicado na cozinha ganha novos significados.

Fatiar bifes, preparar verduras, testar receitas e até mesmo realizar tarefas corriqueiras como limpar panela queimada e organizar os mantimentos se tornam parte de um ritual de autocuidado. Afinal, zelar pela limpeza da casa e pela qualidade do que se consome é garantir saúde para desfrutar de momentos genuínos, no que se conhece como a "arte de viver".

Tradição no prato

Apesar de o movimento ter surgido na Itália, ganhou força e adeptos em todo o mundo. Isso contribuiu para a criação de uma instituição chamada "Arca do Gosto", que tem o intuito de combater o desaparecimento de produtos de origem animal e vegetal, outrora típicos nas regiões. 

No Brasil, estão na lista o queijo canastra, umbu, jabuticaba, guaraná nativo e pinhão. O consumo desses produtos naturais incentiva o seu cultivo/produção, comercialização e, por consequência, a sua existência.