Um dia na vida daqueles que cuidam dos pacientes de covid-19

Os profissionais encaram a missão com um gesto de amor


Aqui existe a esperança. Essa frase poderia estar escrita nos acessos do setor destinado ao tratamento dos pacientes de covid-19 no Hospital Municipal de São José dos Campos, que é mantido pela Prefeitura e gerenciado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM ).

Revezando-se nos turnos do dia e da noite nas três alas exclusivas, em torno de 200 verdadeiros anjos da guarda zelam pela recuperação da saúde dos internados com os sintomas da doença causada pelo novo coronavírus. Fazem parte do grupo médicos, profissionais de enfermagem e funcionários de outras áreas.

A equipe médica é formada por intensivistas, infectologistas, clínicos gerais e cirurgiões emergencistas. Quando necessário, outros especialistas são chamados para realizar e acompanhar as avaliações das demais especialidades, como cardiologia e neurologia.

Além dos enfermeiros - assistenciais, clínicos, de relacionamento e humanização e da vigilância epidemiológica -, a enfermagem da unidade  é servida pelos técnicos e auxiliares, cuidando 24 horas dos enfermeiros. E completando o time, fisioterapeutas, fonoaudiólogas, nutricionistas, copeiras, funcionários da limpeza e administração dão o apoio fundamental aos profissionais de saúde no atendimento aos doentes.

A chegada ao vestiário para o turno A chegada ao vestiário para o turno (Foto : Divulgação)

Ritos sacerdotais

Para usar o banheiro, fazer a pausa do descanso, comer ou ir para casa, todos precisam se desparamentar com muito cuidado em outro vestiário, separado do primeiro. Exclusiva para a desparamentação, essa área dispõe de luz ultravioleta, que é ligada por 10 minutos 3 vezes ao dia. Ela ajuda a neutralizar o vírus, que pode ficar nas superfícies ou esparsos pelo ar. Ao chegar à ala covid, os profissionais entram direto por um vestiário reservado para quem vai trabalhar no setor. Eles se paramentam completamente com equipamentos de proteção individual (EPI) e seguem para o turno.

Nesse momento, é proibida a entrada na sala. A advertência é indicada pela iluminação vermelha do lado de fora. Quando o sinal fica verde, significa que a luz ultravioleta foi desligada e é permitida a entrada de profissionais no vestiário.

Pausa para repor as energiasPausa para repor as energias (Foto : Divulgação)

Nas salas de paramentação e desparamentação existem placas com toda a sequência a ser seguida. Um vídeo exibido ininterruptamente também mostra o passo a passo sobre os procedimentos corretos para evitar risco de contaminação.

Só é permitido entrar na ala completamente paramentado. Uma funcionária fica no vestiário para verificar se o profissional está com o vestuário correto e todos os equipamentos de proteção individual. Fora dessa área, a máscara N95 ou equivalente é retirada e guardada em saco plástico específico e identificado.

Área de prescrição e uso de computadoresÁrea de prescrição e uso de computadores (Foto : Divulgação)

Sem contaminação

"Até o momento, não tivemos problemas com contaminação de funcionários dentro deste setor", afirma a médica Jackeline Neves, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar. Ela explica que a intenção da criação da ala foi justamente ter um local isolado para tratamento dos doentes de covid-19 que necessitam de hospitalização.

"Devido ao alto risco de transmissão e contágio do novo coronavírus, essa ala se faz estritamente necessária. Desde o início procuramos um setor onde pudéssemos ter um pronto-socorro separado, observação, sala de emergência, leitos de enfermaria e UTI, independentes do restante do hospital."

Visto que o bloco onde funcionava a pediatria era independente e autossuficiente, optou-se então por transferi-la para o Centro de Reabilitação Lucy Montoro e criar ali o centro de atendimento aos pacientes com suspeita de covid. "Faz-se necessário que os profissionais que trabalham neste setor não saiam de lá para circular pelo hospital, são funcionários exclusivos da ala para não ter esse risco de contaminação", afirma Jackeline.

Divulgação do boletim de cada um dos pacientesDivulgação do boletim de cada um dos pacientes (Foto : Divulgação)

Para garantir a comunicação com familiares, existe o boletim informativo do paciente, divulgado via telefone uma vez ao dia (enfermaria), entre 11h e 13h, e duas vezes (UTI), que ocorre também entre 16h e 18h. O hospital disponibiliza a possibilidade de chamadas de vídeo no período da tarde para os internados interessados e em condições clínicas de conversar com os familiares.Por motivo de segurança, não é autorizada visita aos pacientes nem presença de acompanhantes na ala. Também é vetado o uso de celular ou aparelho eletrônico pelos internados.