Braços abertos contra o crack!


Há exatos 20 anos, na Santa Casa de Misericórdia de nossa cidade, estava prestes a me tornar pai pela segunda vez. Depois de um ano e meio do nascimento da Rafaela, primeira filha. Estava ansioso próximo da Imagem da Virgem Maria, que não conseguia nem orar, quando de repente ouvi uma voz vinda do corredor: “nasceu um homem, finalmente” (naquele dia nasceram mais meninas), foi marcante! O João havia chegado!

Fui descobrindo a duras penas, embora já na “era Google”, que não há Manual de Procedimento para cuidar e educar os filhos, cada pai, tem de descobrir o seu próprio. Cada filho é um “manual” a ser descoberto, por isso tanto à necessidade dos pais estarem sempre por perto. A ausência dos pais, é um dos principais males para os filhos, nada substitui a presença amorosa e construtora dos pais.

Os filhos, embora recebam os mesmos tratamentos, condições similares de educação e estejam debaixo dos mesmo teto, jamais serão iguais, pois cada ser humano é único, isto é fato, e por isso cada um precisa de tratamento diferenciado.
Com o passar dos anos, a realidade da sociedade moderna têm impactado muito nas famílias, que por uma série de fatores vêm sendo agredida e desfigurada, fazendo sofrer os nossos filhos.

Hoje pela manhã, ouvindo a Rádio Jovem Pan http://jovempan.uol.com.br/programas/jornal-da-manha/comeca-programa-da-prefeitura-na-cracolandia.html , quando seguia para o trabalho, se discutia o Programa “Braços abertos” do Município de São Paulo, que se propõe a tratar os dependentes de drogas, da tristemente conhecida Cracolândia. Me chamou à atenção entrevista com o desembargador Dr. Antônio Carlos Malheiros, seu envolvimento e luta pela causa.

Concordo com ele, quando menciona que nesta luta contra as drogas, especialmente o crack, as derrotas são constantes, e que é preciso ações enérgicas de repressão, principalmente contra o Tráfico, esforços globais inclusive.

A ameaça do crack bate à nossa porta, é oferecida constantemente para nossos filhos, é preciso fazer algo! Não esqueço quando fomos encaminhar um jovem para se internar para tratamento, e quando cheguei ao seu encontro ele estava se drogando, a ponto de ouvir o “crack”, quando ele acendia o cachimbo, bem do lado do Paço Municipal. Vi ali um jovem se transformando, olhos vermelhos, esbugalhados, veias saltando pescoço, confesso fiquei muito assustado. Hoje este jovem já não vive mais entre nós. Entre internações, quedas morou muito tempo na rua, não se alimentava, sobrevivendo por 10 anos com a droga e há um ano faleceu, detalhe, por coincidência, não viveu com os pais deste que nascera.

Há omissão dos pais, professores, igrejas, dos governos, o que se não se pode, ou não se sabe o que fazer, ignora-se, contorna-se, ao menos é o que vemos!

Sempre procurei fazer algo, pois entendia que assim ajudava o mundo a ser um pouco melhor, e assim tinha a falsa sensação de que protegia um pouco mais meus filhos, ou minha consciência. Mas sempre foi muito pouco...

Ouvindo o Programa da PAN, pensei, quantos pais no mundo, no Brasil, ou nesta cidade, não poderão abraçar seus filhos nos seus aniversários, por que já não existem mais, foram levados pelas drogas! Confesso, senti-me assustado com este pensamento, o mesmo, quando vi aquele menino se drogando.

Se os pais abraçassem mais seus filhos, teríamos mais vitórias contra as drogas. Pode parecer frase feita de colunista amador, mas é por aí mesmo...

Abrace mais seus filhos, dê menos oportunidade para as drogas!

Boa semana a todos! Parabéns João, feliz Aniversário...
Alexandre Faria
Consultor de Negócios
Fundador da A.A.C.A. Projeto Crescer