Nasci no interior, meus pais e avós se criaram nestas terras, somos caipiras de nascimento e de costume, resultado da mistura de raças e nacionalidades, o que particularmente muito nos honra.
Quando criança, bem em frente de onde morávamos havia um marco que definia que a partir daquele local estava a zona rural. Ali brincávamos e nos divertíamos com uma infância regada de muita brincadeira, diversão e principalmente pescaria, era feliz a vida na “roça”, inclusive resido no mesmo local até hoje.
Recordo que sábado à noite meus tios jovens, se arrumavam e perfumados, coma cabeça arejada de brilhantina seguirem para a Praça, onde encontravam os amigos e se davam às paqueras, muitas famílias nasceram destes encontros.
O tempo passou, as coisas mudaram, Infelizmente, não somos mais aquela pacata cidade do interior, onde as pessoas e famílias se encontravam nas praças, a sensação de insegurança tirou-nos esta nostálgica característica.
Vamos ao fato. No último sábado (08/02) por volta das 21 horas, saímos de casa em direção ao centro, foi quando percebemos viaturas da Policia Militar e o trânsito já parando.” Vai devagar, falou meu filho, têm giroflex ligado à nossa frente”, isso não é boa coisa”...
Ao aproximarmos, vimos muita gente em frente ao mercadinho da esquina e pensamos se tratar de um acidente de moto de graves proporções, onde a vitima já havia sido retirada do local, e do carro percebemos uma grande poça de sangue.
Passamos bem devagar e comentamos sobre o trânsito e o alto índice de acidentes com motos, infelizmente muito comum, sem imaginar que havia ocorrido há alguns minutos atrás o assassinato de uma pessoa naquele local.
É certo que achamos nada comum o mercadinho com as portas baixadas tão cedo, mas imaginar que na rua de nossa casa, haveria a execução brutal de uma pessoa, na frente de muita gente! Isto seria só nos Programas do “Datena”, “Marcelo Rezende”, pensaríamos tempos atrás.
Mas, a realidade dos nossos dias é essa, não estamos seguros, a violência já está na nossa rua, a nossa frente, já é fato comum, e o triste é que não nos surpreendemos mais. Só de imaginar a cena de crianças na calçada, senhoras conversando à entrada do mercadinho, e de repente para um motoqueiro para, saca arma e descarrega sobre um individuo que ali estava, é de apavorar. Pensei quantas vezes entrei neste mercadinho, naquele horário.
Não é prerrogativa somente de Pindamonhangaba, o Vale do Paraíba é a região mais violenta do Estado de São Paulo (taxa de mortes por 100 mil habitantes) e olha que moramos na terra natal do Governador do Estado mais rico do país, que não significa absolutamente nada, na prática, as estatísticas mostram que continuamos sendo “quintal da fazenda”, a mercê da vontade de seus donos.
De um lado o Governo Federal, apontando para as melhoras sociais, que obviamente foram muitas, não restam dúvidas, de outro o Governo Estadual, também apresentando seus feitos positivos, duplicações de rodovias, atividades delegadas, uma maravilha! Será? Quem não quer ver? Ou, quem está vendo? Vamos então para as manifestações, essa é a hora! Será? A quem interessa as manifestações? Bom depende da região, e do estado! Da cor da camisa?
Quem paga a conta? O contribuinte? O cinegrafista da TV Bandeirantes, morto no país das Américas que mais morte tem de profissionais da imprensa?
E a Policia Militar, que merece nosso respeito e admiração, quem protege? Os manifestantes, o patrimônio público ou suas vidas?
Onde estão os bandidos? É quem acende os rojões? Ou, quem os financia? Onde se escondem? Na omissão dos Gabinetes do Poder Público?
Os dados estatísticos revelam, estamos em epidemia de violência, em verdadeira situação de guerra. E os Governos: União, Estados e Munícipios? Ah! Estes estão se preparando para a guerra? Certo que sim, para a guerra das próximas eleições, que particularmente, acredito será uma “baixaria”. Que triste! O Brasil não é azul ou vermelho, agora mais do que nunca é preciso resgatar o verde e amarelo, e não estamos falando de Copa do Mundo de Futebol.