"Meu Pai, uma Figura!"


“De seu quarto de criança, o menino começa a vislumbrar o mundo exterior e não pode deixar de fazer descobertas” (Sigmund Freud).

O Pai chegou à sua vida como intruso, para “separar” seu amor primitivo pela mãe, que até então se confundia em uma unicidade.

Pela permissão da mãe chega pra ficar, trazendo a cultura, o social, e instaurar a lei da convivência, essência na constituição do ser, o encontro do outro.

O pai entra na vida do novo ser por permissão, por convite, e não por tirania, violência, ao contrário, por amor, delicadeza e gentileza.

O Pai ensinará a ser por seus exemplos, o líder que vai à frente, mostrando o caminho, trilhando, deixando marcas, pegadas.

Pai é seta, dá sentido e completa os sentimentos. É protetor, cuidador, complementa e sustenta, vem de fora para então compor e preencher o interior do ser.

Pai é uma metáfora, uma figura, palavra, que significa e dá significado aos nossos significantes.

Pai é sublime, que não escolhe ser pai, só existirá enquanto “figura de pai” quando seu filho o perceber e enxergar, desejando-o por pai.

Pai de verdade é aquele que adota seu filho a cada dia e aceita esta escolha por opção, por vocação, por isso se diz “chamado”, “convocado”.

Pai é autoridade e para o filho “tanto hoje como nos tempos primitivos, a necessidade de se apoiar numa autoridade de qualquer espécie é tão imperativa que seu mundo (do filho) desmorona se essa autoridade é ameaçada" (Sigmund Freud).

Pai é o amor escolha, que irá substituir o “amor narcísico”, direcionado para o outro, para a plenitude do ser.

A mãe patrocina o nascimento biológico do corpo (soma), e a relação com o novo ser que acaba de nascer, ensina os primeiros passos do amor.

O Pai inaugura o nascimento psíquico, a constituição do ser, sedimentado no amor, que se constituirá em plenitude pela relação do outro. Pai é a força e amparo da “mãe suficientemente boa” (D. W. Winnicott).

A figura, a pessoa do pai, poderá até não existir, não ser considerada, mas a função, a metáfora paterna, jamais, pois é condição para a constituição do ser, do sujeito.

Não existe “Manual das Funções Paternas” ou “Manual de como cuidar dos Filhos”, pois cada filho é um “Manual em Particular”, único, a ser descoberto, em uma relação única.

É impossível um mesmo pai, para mais de um filho, Pai é único para cada filho, por isso será o “Meu Pai”... Não poderá ser repetido, só amado, seguido, até o momento que ficar sozinho, cada um no seu caminho, e quando a “função paterna” não for mais necessária, ficará as marcas dos bons exemplos, a “Figura”, indelével.

Hoje depois de muitos anos de ”Pai”, consigo finalmente entender o verdadeiro valor do “Meu Pai” e dizer muito obrigado, pela oportunidade que a vida me deu de que meu genitor fosse “Meu Pai”, uma “Figura”.

Feliz Dia dos Pais, “Pai”...