Por que sou assim? Já se perguntou? Você é daqueles que têm mais perguntas que respostas? Se pensou e respondeu sim, não se preocupe, não está sozinho, somos muitos, seres de dúvidas e incertezas, e um verdadeiro vazio estará sempre nos preenchendo. Mas e aí? Vazio, espaço para preencher, de quê? Que faltas são essas que nos preenchem e que poderiam afirmar:
o ser humano é um ser não preenchido, um ser do não. Pensemos o tema, quando o ser do não nasce, se não for cuidado, não tem chance de sobreviver. Não se alimenta. Não faz sua higiene pessoal. Não se aquece. Não tem vestimenta. Não tem cultura. Não aprende. Não se relaciona. Não cresce. Não é gente. Não vive.O primeiro registro que temos é o não, a falta; e, se falta, está vazio, é demanda não atendida. O cuidador é aquele outro, que irá suprir todas as necessidades do recém-nascido, por isso a mãe representa muito na vida humana.
Mãe, que antes de tudo é uma função: cuidar da existência do filho, enquanto este não puder se cuidar. Sem este cuidador não haveria existência. É assim com o ser humano, para cada não, um preencher, para cada necessidade, um cuidado. Preencher na medida certa do não, do vazio, sem exceder, nem faltar, o suficiente para uma vida equilibrada.
O momento de prazer, de preenchimento, que garantirá a existência, é a primeira mamada, sensação de saciedade, calor, conforto e proteção, o colo da mãe! Sensação de bem-estar, que se levará para toda a vida! Sustento de vida. O primeiro olhar, palavras, passos, cada gesto e momento, tudo para formar o humano. A mãe, este cuidador, é o outro que dará sentido aos nossos sentimentos! Mas este outro também é um ser do “não”, subjetivo, com lacunas existenciais a preencher! Parece confuso? Isso! Ser humano é resultado da fusão do outro ser, para o ser, o existir! O eu e o outro, com fusão! Isso! Mãe, ser do “não”, que se torna “sim”, para preencher e formar o outro; mesmo com suas lacunas e faltas, agirá com amor, confiança, insegurança e muito carinho, gerando o novo ser. Isso é incrível, humano e diferente! Entendi que o “não” já tenho, é existencial; o “sim” será o resultado do cuidado e auxílio do outro! E até quando? Até o momento em que puder cuidar de si, portanto, adulto, elaborando seus pensamentos! Isso! Não perca tempo! Não fique só nas lamentações ou focado na crise! O “não” você já tem, o “sim” é por sua conta! Acredite! Isso é possível!
José Alexandre Faria Psicanalista e Consultor em Gestão de Negócios