"Politica brasileira, de mãos lavadas."


Ouvimos diariamente, que a “política é corrompida”, que “politico é tudo igual”, “politico não presta”, e assim por diante. A mídia constantemente torna público, escanda-los, esquemas, desvios ilícitos de recursos, fraudes, em todas as esferas do Setor Público. Ficamos horrorizados, revoltados e então perguntamos: por que nada muda? Por que as melhoras são tão insignificantes que quase não as percebemos? Se as pessoas escolhem quem as governe, por que escolhem tão mal? É possível escolher bem? E quem escolhe, é manipulado? Qual é a verdade de tudo isto? O que ou Quem, está por trás? Existem conspirações? São naturais, circunstanciais?
Para refletirmos, um pouco de história:

Pôncio Pilatos, foi Governador da província romana da Judeia, entre os anos 26 e 36 d.C. Muitos foram os seus feitos, divergindo alguns historiadores, que vão deste destruição de algumas localidades, massacres de pessoas, conquistas e a mais conhecida de suas ações, foi ele o juiz que, de acordo com a Bíblia, condenou Jesus Cristo à morte de cruz, apesar de, segundo ele mesmo, não ter encontrado nenhuma culpa nele.

Esta época para o Império Romano é chamada “Dourada”, pois foi de grandes e importantes conquistas. Como sua expansão, o império passou a incluir pessoas de uma variedade de culturas e religião, e uma das características do Império era a tolerância e aceitação, desde que não contrariassem o poderio dos conquistadores. Os romanas se esforçam, como estratégia de conquista, se adaptar aos costumes locais para atender a cultura e a identidade, o que deu muito certo (http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Romano ).

Foi neste contexto que Pôncio Pillatos foi designado para a Província da Judéia, principalmente para acalmar os ânimos, naturalmente rebeldes e que não aceitavam estar submissos a Roma.

Por acordo, o Império mantinha as pompas do Rei Herodes Antipas, e que por sua vez, mantinha excelente relação dom o Grande Sinédrio ( assembleia de juízes judeus que constituía a corte e legislativo supremos) que detinha o poder divino sobre as Leis de Deus e governo do povo. Herodes não falava com Pilatos, e eram odiados pelos membros do Sinédrio.

A grosso entendimento, Pôncio Pilatos, deveria manter um mínimo de consenso entre as partes e garantir menos problemas possíveis para o Império. Sabemos que não foi feliz, pois era uma época conturbada, o povo judeu esperava a concretização das profecias bíblicas, a vinda do messias salvador, que apareciam às dezenas.
De repente, na calada da noite, chega um caso inesperado para o Governador Pilatos, trazem-no para que julgasse um prisioneiro. A Bíblia, inclusive relata que sua esposa, Claudia Prócula (Mateus 27,19 ) o alerta, que sonhara com Jesus, um líder religioso, que realizara grandes milagres, e que o marido tivesse cuidado, pois era inocente e que não o condenasse à morte, pois traria má sorte.

Pilatos, como bom romano e supersticioso que era, se perturbou com os avisos da esposa. Sabemos o desfecho destes acontecimentos, mas é interessante lembrar:

1° Os Líderes Judeus, pertencentes aos partidos do Saduceus e Fariseus maioria do Sinédrio, viam em Jesus, uma ameaça ao poder que detinham sobre o povo, e a relação de benefícios com o Império Romano.

Arquitetam um plano para eliminar Jesus, e no momento oportuno, durante a noite de quinta, para sexta-feira, prendem Jesus e o encaminham para julgamento no Sinédrio. Em sessão extraordinária, iniciam o processo. Como não tinham poder para decretar a execução de nenhum réu, apelam para o Governador Romano, visto que em determinado momento recorrem ao Império para obterem a morte de Jesus, como sendo “inimigo de César”. Inclusive os escritos afirmam que Pilatos, sabia que Jesus estava sendo entregue por inveja. ( http://www.bibliaon.com/mateus_27/ ) .

2° Pilatos conhecia o costume dos Judeus, não era normal um julgamento do Sinédrio, enquanto todos dormiam, em caráter de urgência, estava claro, que desejavam eliminar Jesus.

3° Pilatos perturbado tenta apaziguar a situação, propondo o costume da época de soltar um preso na principal festa (páscoa) que estavam celebrando e tenta persuadir o povo que optassem por soltar Jesus.

4° O povo, que naquele momento, inclusive entendo que fossem os “militantes”, como os de hoje, que “balançam as bandeiras”, influenciado pelas “autoridades”, ou mesmo a mando, pedem que fosse solto Barrabás (revolucionário e criminoso, segundo os escritos).

5° Pilatos se vê sem saída, já havia conversado com Jesus, tinha a certeza realmente que se tratava de um inocente, tinha consciência que para assassinar Jesus, os líderes Judeus precisavam de sua ordem.

6° Nada acalma a turba inflamada de ódio, nem mesmo verem Jesus açoitado ao extremo.

7° Os Judeus, em ato de astúcia, apelam para que se condenasse Jesus, por que este se colocava acima da autoridade Romana de Pilatos e mais ainda, acima do próprio Imperador.

8° Pilatos se vê sem saída! Embora soubesse que ali não se manifestava a vontade de todo o povo, mas apenas dos que foram manipulados pelas autoridades judias, então irá realizar o ato, pelo qual o conhecemos até hoje. Pede que lhe tragam uma vasilha com água.

9° Pilatos, como disse, conhecia os costumes Judeus, e apela para o que era de mais sagrado para o judeu, a Lei. No Livro do Deuteronômio (Dt 21, 1-90), Moisés ordena que se em uma cidade descobrissem um cadáver e não soubessem o malfeitor , os dirigentes deveriam se reunir em um rio e lavar as mãos dizendo: “Nossas mãos não derramaram este sangue”, e depois deveriam orar a Deus: “que este sangue inocente não caia no meio de seu povo Israel”. Assim os dirigentes e o povo ficavam livres da culpa. Vimos depois este ato em outras passagens (Salmos 26,6 e 73,130), para quem gosta de se aprofundar.

10° Então Pilatos lava as mãos (Mt 27, 24): “Estou inocente do sangue deste homem é responsabilidade de vocês”. É a última estratégia, não há mais o que fazer, apela para o bom senso religioso dos judeus, mas sem sucesso, pois o plano de eliminarem Jesus se consumava. Pilatos ficou entre a realidade de condenar um inocente ou deixar de atender os parceiros políticos, o que poderia prejudicar seu cargo e função. Não hesitou ao final, embora tivesse tentado reverter à situação. Prevaleceu a força do poder e dos que se beneficiam dele.

Assim é a politica, assim são os políticos, nos dias de hoje, quem comanda são as lideranças partidárias, que para alcançar objetivos se juntam, armam esquemas, sem escrúpulos para manterem-se no poder. Não existe inimigo politico, pois a circunstância definirá, quando estarão juntos. Há politica em todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), por isso, não faltam “bacias de água”, e oportunidade de lavarem as mãos, pois o “sangue inocente” continua sendo derramado, nas filas de hospitais com a saúde precária, nas balas perdidas e assassinatos da insegurança, na educação fraca, enfim na miséria do dia a dia.
Os militantes, partidários, continuam balançando bandeiras, influenciando os desavisados, trazendo os que ainda se beneficiam de cestas básicas e contas de luz e água atrasadas. Disputando a oportunidade de se beneficiar.

Há ainda líderes religiosos, que se beneficiam do sistema, têm seus representantes no Congresso, Senado, aumentando a cada ano suas bancadas. Outros porém, se colocam por trás da falsa moral, não se envolvem em politica, mas também se beneficiam dos “amigos políticos” e levedam as quermesses com fermento contaminado.
E então, como ficamos? Como a grande parte da população, adormecida, repousando, enquanto as mãos são lavadas?
Pra encerrar, se não consigo ajudar muito, e me frustro, mas ao menos, respeito, dou ouvidos e procuro sempre dar créditos aos sonhos de minha esposa...
Até semana que vêm...


Alexandre Faria
Consultor em Gestão de Negócios