As escolas de esporte ao desenvolverem seus métodos esquecem que o aprendiz é um elemento central do processo, que o jogo é o motivo maior do esporte e que o lúdico estão fora do jogo nestes espaços.
Os métodos utilizados nas escolas de esporte limitam o lúdico e a brincadeira como estratégica pedagógica de ensino do esporte, muitas possuem a ideia de que não se pode brincar dentro do campo de jogo.
Outra questão importante é relacionada ao ensino a partir da utilização do método parcial, que ensina e esporte por parte e tira o jogador do contexto do jogo, gerando pouca motivação para a prática. Muita das vezes o professor não entende o porquê do aluno não estar motivado na aula, afinal, imagina estar contribuindo para a formação esportiva e aprimoramento dos fundamentos que será exigidos no jogo. E não entende o porquê do aluno não entender a dinâmica do jogo, assim, todos acabam ficando frustados.
As grandes franquias, há uma ideia de que o aluno aprende a jogar futebol com os treinos isolados e orientações, na verdade, constrói-se um jogador limitado, o professor cria possibilidades e situações problemas para os jogadores resolverem no jogo, mas ao apresentar a solução, não dá a oportunidade do jogador resolver o problema da forma que ele achava melhor, ou seja, o jogador é o aluno e não o professor. Ao ensino a partir da concepção cartesiana, de que tudo tem que ser aprendido em partes, acaba por desmotivar muitos alunos e tornar a prática esportiva pouco intensa, isso pode ocorrer em qualquer contexto educacional, seja no formal e no informal. O aprendizado de um jogo deve acontecer no próprio jogo, mas nem sempre pensam assim.
Poucas escolas de esporte possuem uma metodologia que de forma sistematizada e organizada que possam contribuir para o desenvolvimento de jogadores autônomos, que sabem fazer escolhas e tomem decisões certas no jogo, ou seja, que desenvolvam sua inteligência corporal. Isso deveria ser uma das suas principais atribuições e não a venda da ilusão de que no futebol nasce um craque a cada esquina, que é fácil ganhar dinheiro e ser milionário no esporte.
As escolinhas de futebol além de prometer um acesso ao mercado do futebol aos seus alunos, que na maioria dos casos não torna-se realidade, as famílias investem no sonho do filho em se tornar um jogador famoso ou uma celebridade do esporte.
Não há uma preocupação com a formação e desenvolvimento humano, porque é certo que a grande maioria não viverá do esporte, mas poderão ter o esporte como possibilidade de uma vida mais saudável e feliz. Assim, as escolas de futebol deveriam rever seus objetivos e se voltar para uma formação esportiva mais sólida.
Os empreendedores do esporte, fomentam o esporte, mas sem conexão com os problemas sociais e muito menos com os problemas do esporte, no caso, de formar jogadores mais inteligentes corporalmente, deixam a formação ao acaso, sem projetos. Não há o fomento de um projeto maior, mais abrangente, no caso, só querem explorar o esporte, fazendo do mesmo um grande negócio.
Discutir o ensino do esporte passa pelos problemas sociais, em especial os relacionados a violência urbana e a falta de espaços para prática esportiva com segurança, especialmente nos grandes centros urbanos. Assim empreendedores do esporte, viram um mercado, neste caso, nasceu as escolinhas de futebol, que rapidamente ganharam força como espaços mercadológicos do ensino do esporte e estimulo a prática esportiva, a partir do final do século passado o investimento em franquias dos grandes clubes do futebol brasileiro foi se intensificando no país.
Num passado recente a formação esportiva, era basicamente no clube, existia antes disso uma vivencia significativa nas quadras públicas, que era ocupado pelas crianças, jovens e adultos da comunidade, em muitas das vezes disputa-se torneios e campeonatos nestes espaços. Atualmente, as quadras públicas estão desocupadas, quase vazias, por inúmeros motivos que fogem das nossas responsabilidades diretamente, mas o principal é a violência urbana.
Muitas escolas de esportes precisam repensar e rever seus métodos empregados, desta maneira, devem passar a ter o jogo como estratégia prioritária para se ensinar o esporte, o professor passaria a ser um mediador e o aluno o elemento central do processo de ensino e aprendizado. Assim, criar uma outra concepção de formação esportiva, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do esporte, fomentando a prática esportiva, o estímulo aos valores do esporte e a participação de todos no esporte, para assim, contribuir para o desenvolvimento humano e social por meio do esporte.