"Retornar para nossa casa é um gesto que pede humildade, pois nem sempre conseguimos reconhecer em nós mesmos os nossos fracassos e nossas fraquezas e isso atrasa o processo de cura e de libertação que o Senhor deseja operar em nós"
Uma das mais tocantes páginas dos Evangelhos é, com toda certeza, a narrativa da parábola sobre o Pai misericordioso (Lc 15, 11-32), que nos revela a grandiosidade desse coração do Pai, que espera, acolhe, abraça e faz festa com o pecador arrependido. Quantos de nós, em muitos momentos de nossas vidas, sentimo-nos assim, necessitados de um abraço, necessitados de descansar em um lugar onde nos sintamos seguros, onde nos sintamos em casa. Trata-se de um grande desafio para muitos de nós, pecadores, receber o perdão de Deus, pois, infelizmente, vivemos apegados aos nossos pecados, o que impede de deixar Deus apagar as lembranças do passado e nos oferecer um recomeço inteiramente novo. Sim, Deus é capaz de fazer novas todas as coisas, recorda-nos a Palavra! Retornar para nossa casa é um gesto que pede humildade, pois nem sempre conseguimos reconhecer em nós mesmos os nossos fracassos e nossas fraquezas e isso atrasa o processo de cura e de libertação que o Senhor deseja operar em nós. É o abraço do Pai que tudo pode restaurar, um abraço demorado, curador, que restaura nossas feridas, que comporta nosso cansaço e nossas fraquezas, um abraço que nos declara, de maneira escandalosa, como Deus nos ama. É importante recordar que não somos o pecado que cometemos e Ele sempre espera nossa reparação e, dessa forma, poderá nos convidar para esse grande banquete, cuja preparação, Ele mesmo se encarrega. É Deus quem prepara o banquete dos reconciliados! Este tempo quaresmal, que estamos vivenciando, é muito oportuno para experimentarmos esse abraço aconchegante de Deus. Não demore muito para esse retorno, não crie tanta resistência. "Quem não nascer do alto, não pode ver o Reino de Deus", disse Jesus a Nicodemos (Jo 3,3) indicando essa vida nova que Ele tem para nos oferecer. Bem-aventurados aqueles que escutam essa Palavra e a desejam na própria vida! É o lar definitivo que buscamos, o Pai nos espera para um abraço de reconciliação!