A vida humana, mesmo desgastada pelos fracassos, é ainda um território tão sublime, onde podemos tocar o que de mais belo Deus nos deu. Gosto de dizer que o ser humano é bonito, é valioso, é uma obra prima de altíssima qualidade. E a vida é a oportunidade que temos, todos os dias, para fazermos nossas escolhas, na liberdade dos nossos sentimentos e das nossas vontades. Diz a canção: "A vida sempre pega a gente numa curva. É feito chuva em plena tarde de verão" e são essas curvas que, muitas vezes, pela pressa de nos revoltarmos, acabam ferindo o que temos de melhor.
Como seria bom aprendermos a nos surpreender mais com as pequenas coisas boas que nos visitam todos os dias. É por já nos acostumarmos com a intolerância, que perdemos a capacidade da contemplação. Contemplar é não ter pressa, mas permitir que o objeto de nosso olhar, encontre demora e acolhida em nossa atenção.
Podemos sim, amar mais, chorar mais, ver o sol nascer mais vezes, arriscar mais e aceitar as pessoas exatamente como elas são, com suas alegrias e suas dores. Podemos decretar um tempo de mais tolerância e de mais respeito pela diversidade, sem a necessidade de apelar para imposições ou até mesmo "campanhas" para se imprimir opções de vida. Nada do que é novo, precisa se impor como contradição das tradições, mas ser entendido como algo que vem somar. Dessa forma, tantos outros valores seriam agregados à vida humana.
É nesse "altar" do coração humano, que todos os dias, podemos elevar nossas preces ao Deus da criação, agradecendo as possibilidades que Ele nos permite viver e as pessoas que nos permite encontrar.
Como rezamos no rito da celebração eucarística, em nossa tradição católica, que nossos corações busquem o alto e assim confirmamos: "O nosso coração está em Deus" e, se realmente está, que possamos fazer melhor uso dos nossos sentimentos, a partir do amor surpreendente desse Deus que é Amor.