Consumo de energia elétrica tende a subir no verão

Uso intenso de equipamentos de refrigeração em dias de calor ajuda a explicar esse aumento


Com a chegada do verão e, consequentemente, de dias mais quentes, o consumo energético tende a crescer no Brasil. Não é à toa que o assunto é tão abordado, já que o período costuma representar um aumento em termos também de gastos, demandando cuidados especiais e estratégias tanto por parte dos consumidores quanto das empresas. 

Como esclarecem informações da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o aumento do uso de equipamentos de refrigeração em dias de temperatura elevada ajuda a explicar o consumo, especialmente nas regiões do país em que o calor é intenso. Assim, crescem os custos com climatização de ambiente, geladeiras, refrigeradores e condicionadores de ar, que passam a trabalhar com mais frequência.

Para grandes empresas, há alternativas para driblar a alta demanda no verão, como comprar energia no mercado livre. Já os consumidores podem recorrer à instalação de sistemas de produção de energia solar, substituir lâmpadas incandescentes pelas de LED e preferir equipamentos que tenham o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) e contem com melhores classificações. 

Consumo de energia elétrica a nível nacional

De modo geral, o Brasil é um dos países que mais utilizam energia elétrica. O Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2022 (com ano-base 2021), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mostra que o país está entre os dez maiores consumidores do mundo. Só em 2021, o consumo total de energia elétrica foi de 497 TWh; cerca de 4,6% maior do que no ano anterior. 

No contexto em que as mudanças de temperatura influenciam os hábitos de consumo energético, é possível exemplificar essa afirmação a partir dos dados de outubro e novembro de 2022 do Boletim InfoMercado Quinzenal.

Em outubro, o consumo de energia elétrica subiu 2,5% em comparação ao mesmo período em 2021. De acordo com a CCEE, o movimento retoma uma tendência de alta por conta do aumento da temperatura média em boa parte dos estados nessa época.

Já em novembro, quando as temperaturas registradas ficaram abaixo da média histórica, havendo menos necessidade de acionamento de equipamentos de refrigeração, o Brasil consumiu uma média de 64.877 MW de energia elétrica, quantidade 1,2% abaixo da registrada no mesmo mês em 2021. A estimativa, assim, é de que o volume volte a aumentar com a chegada da estação mais quente do ano.

Mercado regulado e mercado livre de energia

Nesse cenário, a demanda do mercado regulado de energia ganha destaque, com crescimento de 1,3% em outubro, na comparação anual, sendo o maior desde janeiro de 2022. O segmento, no qual residências e pequenas empresas contratam seu fornecimento das distribuidoras, é fortemente influenciado por fatores meteorológicos, segundo a CCEE. 

No mercado livre ? em que grandes grupos do comércio, varejo e indústria negociam energia livremente com geradoras ou comercializadoras ?, o consumo avançou 4,8% em relação a outubro de 2021. 

Segundo dados do Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2022, da EPE, o consumo regulado de eletricidade é historicamente superior ao consumo livre. Contudo, a modalidade cativa de comercialização vem perdendo participação ao longo dos últimos anos. 

Assim, apesar de o número de consumidores livres representar somente uma pequena fração do total de unidades consumidoras, "há um crescimento destas unidades a taxas superiores ao crescimento do número total de unidades, o que significa migração de consumidores cativos (regulados) para o mercado livre", conforme registrado no Anuário. 

Por que a energia no mercado livre pode ser mais vantajosa

Diversas são as condições que podem influenciar o ajuste de preços da energia nos mercados livre e cativo/regulado. A diferença é que, no mercado cativo, o preço definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) precisa ser praticado sem contestação.

Já no mercado livre de energia, o valor cobrado pode ser negociado entre as partes e depende das condições de conjuntura e estrutura do setor elétrico. Em relação à estrutura, os fatores giram em torno da quantidade de geradoras, das fontes com que trabalham e dos impactos que geram. A essa conta, deve-se acrescentar as expectativas referentes ao uso de energia no país.