Legislativo tem cada vez mais "superpoderes" e irrita Bolsonaro no jogo político

Presidente da República diz que a Câmara dos Deputados quer transformá-lo em "rainha da Inglaterra", que reina mas não governa


Sabe aquele menino rico que ganhou uma bola, mas não tem nenhuma habilidade? Se você pensou no presidente Bolsonaro, não está muito longe da comparação, pelo menos no entendimento do mercado financeiro. Nosso governante disse que os investidores esperam pela aprovação da reforma da Previdência para a volta da confiança. Mas ninguém no time põe a bola no chão e rola com classe. E quando alguém toca redondo, recebe quadrado.

Neste sábado (22), Bolsonaro demonstrou toda a sua irritação com o Poder Legislativo, que segundo ele, tem cada vez mais "superpoderes". O chefe do Executivo já nem desconfia, ele tem a certeza que querem transformá-lo em "rainha da Inglaterra", aquela que reina, mas não governa. Isso a gente vê muito nas peladas jogadas nos campos de "terrão". O garoto sem talento com bola geralmente vai para o gol, mesmo que dela seja o dono.

Informado que a Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que torna a indicação de integrantes de agências reguladoras privativa do Parlamento, o presidente sentiu outra dura  estocada. Transformado o projeto em lei, todas as agências serão indicadas por parlamentares. Nesse caso, no entanto, o menino melindrado em campo de jogo não pode pegar a bola, interromper a partida e seguir para casa.

O que vai ficando cada vez mais evidente é que as peças do time vão sendo trocadas, mas não existe um padrão de jogo [entenda como projeto de governo], nem mesmo o esboço. Isso sem contar o meio de campo embolado, as caneladas dos "beques de fazenda" e os chutes de longa distância que não atingem o alvo! Em linguagem futebolística, damos o nome de "retranca".

À tarde, no palácio, Bolsonaro programou assistir ao jogo entre Brasil e Peru pela Copa América. Pelo menos, nesse campo daí, neste sábado, não corremos risco de um novo "7 a 1"!