Mitos e verdades sobre a carreira diplomática

Com salários elevados e alta responsabilidade, os diplomatas são representantes do Estado cuja função é cuidar das relações internacionais


A carreira diplomática é uma das profissões que mais geram dúvidas entre as pessoas. Apesar de ser popularmente conhecida e frequentemente representada em filmes e séries, poucas pessoas sabem o que faz um diplomata, na prática. 

A falta de conhecimento sobre essa carreira faz com que muitos brasileiros criem teorias e mitos sobre a profissão. Muitos, por exemplo, enxergam essa área com certo encanto, por envolver contato com pessoas influentes e presença em eventos importantes. No entanto, ser diplomata não se resume a isso.

Em linhas gerais, esse profissional é o responsável por representar o Brasil em outras nações. Ele é um servidor público e o seu trabalho é exercido no Itamaraty, cumprindo atividades vinculadas ao Ministério das Relações Exteriores. 

Vejamos, a seguir, alguns mitos e verdades sobre a carreira de diplomata.

O trabalho de diplomata envolve apenas eventos sociais. Mito

O diplomata é um profissional que lida diretamente com figuras importantes para o Brasil e outras nações. Esse relacionamento é conduzido por meio de reuniões, eventos e também festas. No entanto, essa não é a única função desses servidores públicos. 

Além de comparecer a celebrações, ele também atua em negociações em nome do Brasil para realizar acordos favoráveis às nações, presta auxílio a brasileiros que estejam em situações delicadas em outros países e colhe informações relevantes para a política externa brasileira. 

Para realizar todas essas funções, o diplomata acaba viajando com frequência. O Brasil tem relação com 193 países que fazem parte da ONU, por esse motivo, esses profissionais devem realizar missões recorrentes nessas nações. Alguns chegam a atuar em postos fixos, fora do Brasil. 

É preciso cumprir alguns requisitos para ser diplomata. Verdade 

Sendo um trabalho de extrema relevância para o Brasil, é de se esperar que existam alguns requisitos para seguir carreira diplomática. O primeiro é ser aprovado no concurso de Admissão à Carreira de Diplomata. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, esse profissional precisa ter também idade mínima de 18 anos, ser brasileiro nato e ter concluído o ensino superior. 

Além disso, o diplomata precisa estar em dia com suas obrigações eleitorais e apresentar aptidão física e mental para o exercício das atribuições do cargo, verificada por meio de exames pré-admissionais. Os homens precisam ainda estar em situação regular com as obrigações do Serviço Militar. 

Só pode ser diplomata quem se forma em Direito. Mito

Conforme explica o Ministério das Relações Exteriores, qualquer pessoa com diploma de graduação em nível superior emitido por universidade brasileira reconhecida pelo Ministério da Educação pode ser diplomata. 

Dessa forma, candidatos formados em outras áreas, como Cinema, História, Jornalismo e Biologia podem se tornar diplomatas se cumprirem os outros requisitos necessários.

Diplomata e embaixador são a mesma profissão. Mito

Ao entender o que faz um diplomata, muitas pessoas acabam acreditando que essa função é a mesma de um embaixador. No entanto, esses dois profissionais não são iguais.

O cargo de embaixador é o mais alto a representar o país em um território estrangeiro. O diplomata também atua em nome do Brasil no exterior e pode vir a se tornar um embaixador por meio de uma nomeação feita pelo Presidente da República. 

Apesar de desempenharem funções parecidas, a principal diferença entre os dois está na hierarquia.

A carreira diplomática oferece progressões de cargo. Verdade

Os diplomatas podem obter progressão de carreira no Ministério das Relações Exteriores com o passar dos anos. Ao ser aprovado no concurso, o profissional torna-se terceiro secretário e pode progredir para segundo secretário, primeiro secretário, conselheiro, ministro de segunda classe e, por fim, ministro de primeira classe, também chamado embaixador.

A promoção do primeiro para o segundo cargo ocorre conforme o tempo de casa do servidor. Já as demais dependem de tempo, conclusão de cursos de atualização e período de atuação no exterior. 

O salário de um diplomata pode ser elevado. Verdade

No Brasil, o salário inicial de um diplomata é considerado alto se comparado com outros cargos no país. O valor gira em torno de R$ 19.199 para os profissionais que acabaram de ser aprovados em concurso. 

No entanto, os números podem ter aumentos significativos conforme o diplomata avança na carreira. O cargo de embaixador, por exemplo, recebe salário de aproximadamente R$ 27.362.

Diplomata precisa morar fora do Brasil. Mito

Há a ideia de que os diplomatas precisam moram fora do país para atuar como representantes do Brasil no exterior. Se for da vontade do profissional ficar em território nacional, a sua atuação deve acontecer no Ministério das Relações Exteriores.

Entretanto, é preciso destacar que o trabalho no exterior é uma das exigências para a progressão de carreira. Sendo assim, o diplomata que desejar ascender na profissão deve, em algum momento, atuar em outra nação por um período. 

Diplomatas não podem ser demitidos. Mito

Por serem profissionais concursados, muitas pessoas acreditam que um diplomata não pode ser demitido, mas não é bem assim. Existem alguns aspectos que podem levar à perda de estabilidade e exoneração do cargo. 

A estabilidade dos cargos do Serviço Exterior Brasileiro só ocorre após três anos de serviço efetivo e aprovação na avaliação especial de desempenho. Passados esses três anos, o diplomata pode perder a estabilidade da carreira caso tenha uma sentença judicial transitada em julgamento e tenha sido condenado em processo administrativo disciplinar.